Num dos seus últimos escritos, o jornalista Mário Crespo disse ser frequentemente abordado por pessoas que lhe pedem que escreva nos seus blogues. Ele ouve-os apenas e presumo que lhes negue qualquer texto uma vez que afirma:
“… Porque não vale a pena. Não serve para nada. Normalmente o que os blogues contêm não passa de enunciados do que é óbvio, pontilhados com escolhas mais ou menos rebuscadas de insultos pouco imaginativos. O que se faz num blogue é gritar impropérios contra a ventania de inverno no Cabo da Roca. Pode aliviar momentaneamente a raiva e a insegurança da impotência repetida. Mas acaba por causar uma inflamação na garganta e ninguém nos ouve … a verdade é que o que se faz num blogue tem tanto efeito social como 872 anos depois da fundação de Portugal descobrirmos que somos uma nação voltada para o mar …”
Claro que estou em desacordo com Mário Crespo no que concerne à utilidade dos blogues. Há blogues e blogues. Cada um tem os seus âmbitos e objectivos, há os bons e os maus, os que, de facto, são meros veículos das frustrações e desencantos daqueles que os escrevem mas existem também os que nos dão textos muitíssimo bem elaborados e poemas que nos fazem vibrar as almas.
Quanto ao “não servirem para nada” (na sua opinião), penso que é um sentimento demasiado redutor. Servem muitas vezes para propagar ideias, dar a conhecer causas, contar histórias e divulgar cultura.
No caso do “Por Linhas Tortas”, este foi o espaço que escolhi para publicar comentários (de política ou de cidadania), interrogações e indignações, relatos, desabafos, ficção, poesia. E assim continuarei até decidir o contrário.
Uma coisa vos posso assegurar. Se o encontrar, não pedirei a Mário Crespo que se dê ao incómodo de escrever no meu blogue “Porque não vale a pena. Não serve para nada”.
Sem comentários:
Enviar um comentário