segunda-feira, março 28, 2011

O Precipício

Peço desculpa a quem veio aqui na última Sexta-Feira e não encontrou o “texto do dia” (quando o “produto” é bom a freguesia aparece, não é?). Faltei nesse dia e a justificação é simples. Estava (e ainda estou) a digerir o chumbo do PEC feito pela Oposição na Quarta-Feira. Mesmo já se estando à espera que o fizesse – eu próprio o tinha escrito na crónica que aqui publiquei nessa mesma Quarta – acho que ainda tinha a esperança que isso não acontecesse. Não, em particular, pela saída deste Governo e deste Primeiro-Ministro mas por que se adivinhavam uma série de outras preocupações que a queda do Executivo viriam acrescentar às já existentes.

Embora haja vários responsáveis não me interessa, neste momento, discutir quem são os culpados por esta crise política e pelas suas consequências. O que sei é que é o país e os seus cidadãos que vão sofrer com isso. Talvez aos senhores políticos lhes tenha escapado essa minudência, mas o que verdadeiramente deveria estar em causa é, tão-só, o país e os cidadãos e não as suas querelas políticas e os seus ódios pessoais.

E a resposta ao derrube do Governo veio de imediato. Aliás, não era difícil de prever. As nossas amigas agências de rating trataram de nos descer dois níveis na cotação (e ameaçam mais para breve), os juros da dívida subiram para números históricos e os “donos” da Europa puxaram pelos seus galões e admoestaram-nos. E se já estávamos mal, mais enfraquecidos ficámos.

Pronto, temos agora um Governo de Gestão, umas eleições à vista e um Governo que será empossado e que, independentemente da sua cor política, irá executar na íntegra o PEC 4 reprovado - com umas medidas adicionais e mais penalizadoras - que a Senhora Merkel já determinou.

E o pior é que todos os cenários que se desenham sobre a constituição do futuro Governo não conseguem tranquilizar-nos nem sequer permitem vislumbrar a possibilidade de uma maioria sólida no Parlamento. Há nos nossos políticos demasiados ressentimentos e falta de respeito. Sente-se que, muitos deles, zelam apenas pelas suas carreiras e pelos partidos que os apoiam e esquecem o fundamental. Que são os nossos representantes e, como tal, têm que trabalhar em prol do país e de quem os elegeu.

Estávamos à beira do precipício. Agora, já só falta um empurrãozinho.


1 comentário:

Vexata disse...

E o empurrão é:

Vamos sair do Euro enquanto é tempo! Temos de calçar as asas e aproveitar as correntes ascendentes, contrariando assim a Gravidade!