Nunca tive qualquer simpatia pelas claques dos clubes de futebol, nomeadamente as consideradas “profissionais”, aquelas que são suportadas pelo Benfica, Sporting e Porto.
Com as devidas excepções, sempre achei que a maioria dos elementos que compõem esses grupos, longe de cumprirem a missão para que supostamente foram criados – apoiar e incentivar as suas equipas – são, na verdade, uns autênticos arruaceiros e marginais que estão sempre prontos a destruir tudo por onde passam e, se possível, com uns arraiais de pancadaria à mistura.
E isto aplica-se da mesma forma às três claques, embora me pareça que a do Futebol Clube do Porto é a campeã na organização e execução de desacatos.
Por isso não me espantou que o líder dos Super Dragões, em resposta à acusação de Carolina Salgado de que teria sido ele a espancar Ricardo Bexiga, o autarca socialista de Gondomar, tenha apresentado como alibi:
“Nessa tarde eu estava na área de serviço da Mealhada, na A-1, de onde trouxe oito peluches, 22 porta-chaves, sete chocolates Toffe Crisp e duas sandes de leitão. Mas não roubei nada. Fiquei de passar por lá mais tarde para acertar contas. Eles já nos conhecem”.
Sim, é verdade, eles já os conhecem. Tanto a área de serviço da Mealhada como a maioria das outras, já conhecem de ginjeira estes bandos que roubam e vandalizam tudo à sua passagem.
E porque as histórias que tem para contar são muitas, Fernando Madureira que se ufana que na sua adolescência “ser raro o fim-de-semana em que não andasse à porrada”, publicou um livro intitulado “O Líder” em que dá a conhecer alguns dos seus feitos mais emblemáticos, mas não sei se os mais violentos e reprováveis.
Conta, por exemplo, que o baptismo de fogo nos Super Dragões foi em 1987, em Aveiro. “Chegámos, arrombámos o portão, entrámos de graça e o respeito pela claque começou a nascer aqui”.
Conta, também, que em meados da década de 90, “batiam e roubavam tudo o que lhes aparecesse pela frente, incluindo os próprios elementos da claque”.
Mas a claque que Madureira brilhantemente chefia, celebrizou-se pelos “roubos nas áreas de serviço por onde passavam durante as deslocações, mas também pelos saques, arrombamentos e passagens de notas falsas”.
Perante todas estas tropelias, como podemos ficar indiferentes a estes bandos de malfeitores sem escrúpulos que põem em perigo as famílias, muitas delas com filhos ainda pequenos, cujo o único pecado é gostar de assistir ao vivo aos jogos de futebol?
É um problema que se arrasta há anos e parece não ter solução. O que nos faz questionar:
. o que é que ganham os clubes com este tipo de claques e porque é que continuam a dar-lhes apoio?
. Porque é que as autoridades não actuam de forma firme e eficaz em vez de se limitarem a assistir ao contínuo relato de desacatos através da comunicação social?
2 comentários:
As claques, muitas delas, são verdadeiras redes criminosas, propícias a negócios de branqueamento de capitais, tráfico de droga e armas e potenciais difusoras de ideais nacionalistas (leia-se xenófobos, racistas). Muitos encontram nas claques o veículo perfeito para darem largas aos seus instintos mais violentos.
Pouco ou nada têm a ver com futebol. É o que se pode chamar de "Feios, porcos e maus". São uma mancha para o espectáculo.
Respondendo a uma das tuas perguntas, os clubes têm sempre alguma coisa a ganhar. As claques estão para os clubes assim como o capanga dos trabalhos sujos está para o empresário mafioso.
Os clubes que não alinham por aí, das duas, uma: ou não se conseguem desfazer das suas claques, ou simplesmente não as têm.
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