Com todo o respeito que tenho pelos adágios populares, onde encontro, em muitos deles, uma profunda sabedoria, penso, no entanto, que por terem sido criados há muito, alguns desses provérbios já não se ajustam aos dias de hoje.
Por exemplo, “Primeiro de Agosto, primeiro de Inverno”. Admito que durante décadas e décadas esta máxima tivesse toda a justificação. Mas, agora, com todas as alterações climáticas que se conhecem, provocadas, ou não, pelo aumento dos gases de estufa, em que os calores excessivos e as chuvas torrenciais teimam em não conhecer calendários, parece que o provérbio não faz mais qualquer sentido.
“Depressa e bem, não há quem” é um outro exemplo de um ditado que está claramente desajustado nos dias de hoje. Na era da globalização, as empresas regem-se por padrões completamente diferentes dos que as norteavam há umas décadas atrás.
A procura incessante da produtividade obriga, cada vez mais, a que empresas e trabalhadores produzam mais e melhor. Daí que os ritmos de trabalho sejam forçosamente mais elevados, o que leva a que o velho adágio popular deixe de ter sentido e se tenha que passar a dizer simplesmente “Depressa e bem”.
E quem não queira perceber que os tempos mudaram e que hoje se exige de todos - com tecnologia actualizada, com formação adequada e sistemática, com o empenho de empregados e empregadores e com gestões altamente preparadas - que se faça mais e melhor, então, é porque a sua capacidade não lhe permite entender que o mundo de hoje é completamente diferente.
Se essa mudança não for interiorizada por todos os agentes, então, continuaremos a ser um país adiado e que justifica que num conjunto de 29 países (27 europeus mais os Estados Unidos e o Japão), Portugal esteja em 21º. lugar em termos de produtividade por trabalhador.
“Primeiro de Agosto, primeiro de Inverno” e “Depressa e bem, não há quem” dois exemplos, apenas, de provérbios que talvez devessem ser actualizados.
Mas, que sei eu? Talvez um dia isso venha a acontecer ... porque, “Saber esperar é uma grande virtude”.
2 comentários:
Actualização:
"Para ontem e bem é que convém."
"Primeiro de Agosto... pode ser qualquer dia."
Mais uma achega
“Não deixes para amanhã, o que podes fazer depois de amanhã”
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