Os portugueses, de uma forma geral, são muito acomodados. A iniciativa não é uma das suas qualidades mais em evidência. Estou a falar da generalidade dos portugueses, é claro.
Por isso quando vejo que particulares ou empresas contrariam esta inépcia, fico muito orgulhoso de assistir à demonstração de criatividade, de competência, de dinamismo e de inovação dos meus compatriotas.
É o caso do estilista Luís Onofre que decidiu gravar o escudo nacional na sola dos sapatos das suas colecções, como forma de valorizar a sua marca.
E como a empresa tem clientes em todo o mundo, porque a qualidade dos sapatos é de facto excelente, a partir de agora, toda a gente fica a saber que o calçado é fabricado em Portugal e, a prová-lo, lá está o escudo nacional gravado nas solas dos ditos sapatos.
Mas, pensando melhor, será que a inovação em causa não vem questionar a preservação de um símbolo nacional?
Cada país tem os seus Símbolos Nacionais, que podem ser pessoas, instituições, músicas, estandartes, bandeiras, hinos, objectos, plantas, animais, monumentos, eu sei lá que mais ...
Em Portugal, para já não falarmos do SLB, que constitui mais do que um símbolo nacional, um símbolo mundial, existem dois grandes símbolos nacionais, O Hino e a Bandeira.
Centremos a nossa atenção na Bandeira Nacional. Como se sabe, ela tem, verticalmente, duas cores fundamentais, verde escuro e escarlate (vermelho), ficando o verde do lado da tralha (atenção, neste caso a tralha significa cabo). Ao centro, e sobreposto à união das cores, tem o escudo das armas nacionais, orlado de branco e assentado sobre a esfera armilar manuelina, em amarelo e avivada de negro.
Ou seja, o escudo nacional constitui parte integrante da nossa Bandeira, que é um dos nossos símbolos.
Assim sendo, pergunto. Será legítimo, será mesmo constitucional deixarmos que uma parte de um dos símbolos do país seja espezinhado vezes sem conta por esse mundo fora? Provavelmente nunca ninguém tinha pensado nisto. Ou estarei a ver mal a coisa?
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