Na tentativa de acalmar o meu caro az, mas igualmente, porque “a defesa da honra” se justificava, decidi vir a terreiro para responder à acusação que me fez de ser um perigoso plagiador.
Apesar de não passar de um modesto escrevinhador de coisas, que publico neste blogue, isso não me desculpa de poder cair na tentação de, uma vez por outra, ser levado a copiar uma palavra ou uma frase que vi escritas algures, sem ter o cuidado de mencionar o verdadeiro autor que as escreveu.
Mas, como compreenderão, a simples cópia de uma palavra ou frase não é suficiente para classificar este “crime” como uma acção de plágio.
Aliás, e de acordo com o dicionário, “plágio é uma cópia fraudulenta do trabalho de outrém, que um autor apresenta como sua”, o que, manifestamente, parece não ser o caso. A tanto não cheguei, caro az.
No mundo globalizado em que vivemos, e onde temos à disposição a consulta dos jornais e das revistas que se publicam em todo o mundo, em que temos acesso à maioria das televisões de referência, em que temos a possibilidade de lermos os livros, em papel ou em formato digital, em que somos inundados pelos mais diferentes tipos de música, todo este manancial de informação e de conhecimento tem forçosamente que nos influenciar. E isso acontece a todos os níveis. No que à escrita diz respeito, essa influência vai desde a forma e do ritmo que se reflecte nos textos à eventual utilização de termos, palavras, frases e ideias, que já algum dia lemos algures.
No caso que aponta, az, parece-me injusta a acusação de que eu estaria a aproveitar-me de frases das crónicas escritas por Miguel Sousa Tavares (de quem, aliás, sou admirador há muito) e de outras não especificadas, postadas em blogues também não identificados, sem nunca indicar as respectivas origens.
Se se der ao trabalho de percorrer os textos publicados no “Por Linhas Tortas”, ao longo dos dois últimos anos, verificará que sempre que utilizo uma citação ou transcrevo uma parte de um texto ou o próprio texto integral, procuro ter o cuidado de indicar a fonte quer ela seja o MST ou outro escritor ou blogue,.
Por certo terei falhado nos meus cuidados em assuntos que são publicados na comunicação social, nomeadamente quando menciono estatísticas ou uma qualquer referência que considero interessantes para enriquecer uma crónica que pretendo escrever.
E se é verdade que a forte influência atrás referida é tão intensa que quase impossibilita que sejamos inteiramente criativos, é também verdade que uma simples frase “copiada” aqui ou acolá, pode servir de inspiração à elaboração de um texto em que o autor – qualquer autor – pode expor e desenvolver todas as suas ideias, convicções, críticas ou humores, sem que, por isso, esse texto possa vir a ser considerado um plágio.
Mesmo procurando ter todos os cuidados, ainda assim, admito a possibilidade de alguma vez ter cometido tal pecado. No entanto, e para ter uma noção mais exacta sobre as eventuais faltas de que sou acusado, recolhi uma breve amostra de textos e verifico que a situação não é tão grave como, à partida, se poderia supor.
Assim,
- Em 26.07.06, em “A guerra no Médio Oriente”, transcrevi um texto do Professor Boaventura Sousa Santos;
- Em 09.08.06, em “O que vale uma vida”, transcrevi 2 parágrafos de Daniel de Oliveira;
- Em 27.09.06, em “A reforma”, publiquei na íntegra um texto do Professor Carlos Pereira da Silva;
- Em 03.11.06, em “Convite à reflexão” transcrevi um texto também ele transcrito pelo Professor Tavares Moreira no blogue em que participa;
- Em 27.11.06, em “Velocidades” referi-me a um texto de Miguel Sousa Tavares, de que transcrevi 2 parágrafos;
- Em 01.02.07 em “Por favor, tragam-me o livro de reclamações”, citei uma frase de Clara Ferreira Alves;
- Em 07.02.07, em “Mordomias”, citei um pensamento de Freud;
- Em 25.04.07, em “Alguém se lembra como era dantes?”, transcrevi partes do texto publicado no Expresso, da autoria da jornalista Ana Cristina Leonardo;
- Em 29.05.07, em “o deserto da margem sul”, transcrevi uma frase do ministro Mário Lino;
- Em 19.06.07, em “Elogio ao amor”, transcrevi um delicioso artigo de Miguel Esteves Cardoso;
- Em 02.09.07, em “A última crónica de Eduardo Prado Coelho” transcrevi a última crónica que publicou.
Resta dizer que em todos estes exemplos, bem como em todas as poesias que publiquei, referenciei sempre os respectivos autores, o que atesta, sem sombra de dúvida, a boa fé que sempre pautou o meu percurso.
Ainda assim, continuarei a estar atento.
7 comentários:
E se
“plágio é uma cópia fraudulenta do trabalho de outrém, que um autor apresenta como sua”,
que raio de fraude é que tu andas a cometer? Por acaso, estarás tu, oh demascarenhas, a vender os “teus” escritos que, afinal, são pertença de outros?
Toma cuidado oh meu!
E pronto, contra factos não há argumentos.
A expressão "Contra factos não há argumentos" não é da minha autoria, mas , correndo alguns riscos, acho que posso utilizá-la hoje.
Eu nunca acusei o Demascarenhas de plágio. O que eu achei interessante foi ele criticar o Luís Filipe Menezes por "ter sido “apanhado” a copiar, sem referir as fontes, artigos da Wikipédia sobre Michelangelo Antonioni, Bergman, sobre Hiroshima e sobre Miguel Torga.
"
Em diversos artigos, desde sobre o Chabi ou sobre o fecho eclair, o que é feito é uma adaptação de outros textos, com cópias integrais de diversas frases. E mesmo em artigos de opinião, como por exemplo sobre o Alberto João, há frases inteiras decalcadas de artigos do MST.
Não foi um copy paste directo? Não. Mas a Clara Rebelo Pinto também não fazia copy paste directo dos artigos que copiava de revistas estrangeiras. Traduzia primeiro, certo?
O que eu digo, sem conhecer o blog do Luís Filipe Menezes, é que o que ele fez, pela descrição apresentada, não é muito diferente do que o Demascarenhas faz. Coisas como biografias e assim, faz mais ou menos um decalque sem mencionar as fontes. Alterar umas virgulas e a ordem das frases ou fazer uma cópia integral não é muito diferente. Esta última opção até acho mais honesta, pois é mais fácil identificar a fonte.
É o meu ponto de vista. Não é preciso acalmar-me, pois não sou eu que me exalto com isto.
Caro porcos no espaço,
Sobre a sua frase "E pronto, contra factos não há argumentos" referindo-se, supondo eu, à lista de artigos que o Demascarenhas fez e onde citou as fontes, deixe fazer este comentário:
não é por eu fazer uma lista com datas em que fiz xixi na casa de banho que prova que não houve outras ocasiões em que tenha feito xixi na cama.
Claro. Xixi na cama. Entendido.
Na verdade, caro az, a tua argumentação parece ser de uma pessoa que está calma e que nada tem de exaltada.
Porém, os teus tiques de bota a baixo, dão para notar que embora não acuses o homem de fazer plágio, sempre vais dizendo que ele tem a tentação de misturar umas frases de aqui e de ali, de mudar o lugar das palavras, de adaptá-las e de chegar mesmo a copiar integralmente frases inteiras. Não estarás a exagerar?
Já agora, na tua voragem, não comprometas também a Clara Rebelo Pinto porque a pessoa que tu pretendes atingir responde pelo nome de Clara Pinto Correia.
Quanto à ideia peregrina do xixi, feito na casa de banho ou na cama, cuidado, existe sempre o perigo de sofreres de enurese. Para além do mais, esse raciocínio leva-nos inevitavelmente à teoria da conspiração e a não acreditar numa única pessoa que seja, porque todos dizem o que de bom fizeram, mas isso não significa que, eles próprios, não tenham cometido montanhas de atrocidades.
é verdade, frases inteiras. vai ao artigo do mst publicado no sábado anterior ao post do alberto joão e compara-o com este, só para citar um exemplo.
"esse raciocínio leva-nos inevitavelmente à teoria da conspiração "
O que para ti é inevitável pode não ser para mim. Se eu já li casos concretos de partes copiadas sem referência, não é por haver outras em que há referência que eu deixo de acreditar no que vi.
Senão apliquemos o seu raciocínio ao Luis Filipe Menezes: De certeza que ele tem coisas no blog de sua autoria e consequentemente é impossivel que ele tenha coisas copiadas.
cumprimentos,
az. (com pontinho, é uma abreviatura)
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