quarta-feira, julho 22, 2015

Boas Férias



Apropriando-me do bom (e inteligente) humor de Woody Allen, aqui vos deixo - aos casados (ou em via de o serem), aos solteiros e aos assim-assim - uma das suas frases emblemáticas:


"Eu e minha mulher ficámos na dúvida entre tirar férias ou nos divorciarmos. Optámos pela segunda hipótese. Duas semanas no Caribe podem ser divertidas, mas um divórcio dura para sempre".


Pensem no assunto. Entretanto ...

Boas Férias para todos!

sexta-feira, julho 17, 2015

E agora, onde é que os críticos se esconderam?



Quando em Novembro de 2011, José Sócrates dizia a jovens universitários, numa conferência realizada em Poitiers, "Para pequenos países como Portugal e Espanha, pagar a dívida é uma ideia de criança. As dívidas dos Estados são por definição eternas. As dívidas gerem-se. Foi assim que eu estudei" não faltaram montanhas de comentadores a criticarem o ex-Primeiro-Ministro. Então o homem tinha levado o país ao estado em que se encontrava, praticamente em banca rota e ainda tinha o desplante de - "com toda a cara de pau" - dizer à rapaziada que essa coisa da dívida era uma ideia de criança. Ao que se tinha chegado ...

A semana passada a ex-Ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite, insuspeita de gostar de Sócrates ou de, minimamente, alinhar nas mesmas ideias do que ele, afirmou: "os países europeus - e não só a Grécia - não vão conseguir pagar as suas dívidas e esse problema deve ser pensado já pela União Europeia".

Pois é, entre "as dívidas dos Estados que são por definição eternas" de José Sócrates e "os países europeus não vão conseguir pagar as suas dívidas" de Ferreira Leite, parece-me que existe apenas uma pequeníssima passada de pardal. Só que não ouvi agora, como então, quaisquer comentários dos mesmíssimos e ilustres comentadores de serviço. Afinal, onde é que eles se esconderam?

terça-feira, julho 14, 2015

Desculpem lá, só quem pode falar mal dos nossos somos nós ...



Parece descabido (sobretudo num momento tão grave da História da Europa, em que tudo está posto em causa e não se sabe como é que vai terminar) escrever sobre um assunto como o que aqui vos trago hoje. Mas a verdade é que fiquei irritado com o que uma senhora espanhola disse sobre um clube português. É que é a tal história, por muito mau que seja um parente nosso, não gostamos que alguém de fora chame nomes ao nosso parente. Ou seja, só nós, que somos da casa, é que temos esse direito.

Pois foi a irritação que senti quando li as afirmações dos pais do super e "fabulástico" guarda-redes Iker Casillas, o mais premiado jogador de futebol em actividade no mundo, que agora foi contratado pelo Futebol Clube do Porto para defender as suas redes. "O fêcêpê é uma equipa da 3a Divisão ...", disse, convicta, a mãe de Casillas. Ora eu, que até sou benfiquista dos quatro costados, acho que isso não corresponde à verdade. Mais, é injusto. Ignorância ou má vontade porque a senhora talvez gostasse que o seu super guarda-redes fosse transferido para um clube ainda mais conhecido, talvez o Manchester United ou o PSG, eu entendo. Mas por muito "amor de mãe" que haja, achei que ela foi demasiado longe ...

Dizem as más-línguas que a mãe de Casillas (porque o ordenado do filho talvez não atinja tantos zeros como o que o Real Madrid lhe pagava) , teria receado de que os móveis "vintage" de sua casa pudessem ser trocados por outros bem mais modestos, tipo Ikea. Mas não será por isso, digo eu, já que, aparentemente, o filho não se dá com os pais há anos.

Enfim, foi um desabafo infeliz. E se a D. Mari Carmen, apesar dos seus 56 anos, não sabe onde o filho se vai meter, eu ajudo-a dizendo-lhe que "o Porto é uma Nação" e o F.C. Porto não é definitivamente uma equipa da 3ª Divisão, mas sim a quase a melhor de Portugal ...



quinta-feira, julho 09, 2015

Ou há moral ou ... o bacalhau também é penhorado ...



Quando a lei é cega e os automatismos imperam, podem acontecer coisas deste tipo. Infelizmente. Mas o caricato pode chegar a dimensões tais que até o empregado de um restaurante se pode juntar ao pitéu - “pãezinhos (couvert incluído)”,“gambas panadas com molho de laranja à parte”, “salada verde (alface e chicória)”, “bacalhau com espinafres gratinado” e “cheesecake com coulis de frutos vermelhos” - e serem todos penhorados pela simples razão de que o restaurante onde foi servido o repasto teria dívidas às Finanças. Vai daí, zás, que a lei é para se cumprir e é para todos, incluindo o coitado do funcionário que serviu os clientes.

Casos tão inusitados como este já têm acontecido (ainda não há muito o "Por Linhas Tortas" dava conta de uma penhora a bens que tinham sido doados) mas a Secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais jurou, então, ter tomado as necessárias medidas (em Abril deste ano) para que se acabasse de vez com esta paródia. Pelos vistos não foram as suficientes porque esta penhora é de Junho último e diz respeito a uma refeição de Fevereiro. Certamente que deve ter escapado ao "rigor" que as Finanças costumam ter com a generalidade dos cidadãos.

De referir, ainda, que a refeição em causa custou 192, 82 euros e que o restaurante foi nomeado “fiel depositário” dos alimentos consumidos quatro meses antes, bem como do empregado (!).

Penhorado ou não, devo confessar que fiquei de olho no “cheesecake com coulis de frutos vermelhos”. Devia estar delicioso ...

terça-feira, julho 07, 2015

As honras de Panteão ...



A resposta à magna questão de se saber que figuras públicas devem, ou não, ficarem no Panteão Nacional acaba por ser muito parecida com aquela outra questão das condecorações, a que me referi aqui há dias. Afinal, quais são os critérios para a atribuição de condecorações ou para que os restos mortais possam repousar no Panteão?

A discussão não é de agora mas a recente transladação do "Rei Eusébio" para o Panteão veio avivar dúvidas legítimas que "assaltam" muita gente. Então um futebolista ficar entre poetas, escritores e políticos? E porque não? Para mim, o problema não é saber se todos eles podem descansar em paz no mesmo espaço. O que gostaria de conhecer, repito, é quais são os critérios para a concessão de tais honrarias. Sabe-se que "o Panteão Nacional se destina a homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao País, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ...". E eu que sou contra qualquer visão elitista da vida, pergunto: mas afinal, que méritos maiores possam ser atribuídos a Sophia de Mello Breyner Andresen (que eu adoro) que não caibam por inteiro a Eusébio, só por ele ter sido um "Rei" do chuto na bola? É que ambos foram muito grandes nas suas artes.

Mas sejamos realistas, o Panteão começa a ser pequeno para albergar, um dia, pessoas que tanto têm divulgado Portugal por esse mundo. Estou a pensar, por exemplo, em futebolistas como Cristiano Ronaldo ou Figo, em políticos como António Guterres ou Jorge Sampaio ou, ainda, em escritores como Lobo Antunes. E porque o espaço começa a escassear, o melhor é começar a pensar em construir outro Panteão. E, se assim for, é bom que comecem já porque o actual Panteão levou quase 300 anos a ser construído ...

quinta-feira, julho 02, 2015

Portugal, um país do caraças ...



Para não estragar a conversa, hoje não vou falar nem do Governo nem daquelas outras coisas que nos deixam irritados todos os dias e que nos levam à toma de tantos anseolíticos. Hoje quero pensar apenas em coisas agradáveis e dizer-vos como sinto orgulho do meu país e dos meus concidadãos.

Já pensaram como num pequeno espaço de terra plantado à beira do Atlântico, com uma área total que pouco passa os 92 mil quilómetros quadrados e uma população (cada vez menor) que não vai além dos 10 milhões e pouco de habitantes, como é que nasceu tanta gente que, nas suas áreas, consegue ter uma qualidade tão grande que os coloca nos primeiros lugares na Europa e no Mundo?

Além dos navegadores de antanho que descobriram novos mundos, tivemos (ou temos) um Papa, dois Prémios Nobel, cientistas de primeiríssima qualidade, músicos, atletas, actores e eu sei lá que mais, todos nascidos cá no burgo, e que levam (ou levaram) o nome do país aos mais recônditos cantos do mundo.

Ainda agora, na primeira edição dos Jogos Europeus que se realizaram em Baku, capital do Azerbeijão, os nossos atletas ganharam um ror de medalhas (nada menos que 10) e a nossa selecção de futebol de sub-21 é vice-campeã europeia.

Não acham isto fabuloso? Em tão pouco espaço, de onde é que surgem tantos talentos? Por isso digo que Portugal, um país do caraças ...

terça-feira, junho 30, 2015

"Acudam-nos" ...



"Acudam-nos": Não vejo expressão que traduza melhor a nossa (a do contribuinte) sensação de impotência e de desespero perante o que esta turma de jovens - mal-preparados - políticos está a fazer ao país e aos cidadãos. Talvez, para os crentes, haja outra: "Valha-nos Deus" ...

É que, segundo o que se soube há pouco, a auditoria do Tribunal de Contas às privatizações da EDP e da REN concluiu, entre outras coisas, que não foram tomadas as medidas necessárias para acautelar o interesse estratégico e nacional e que não houve transparência suficiente nos processos.

As privatizações, realizadas entre Setembro de 2011 e a primeira metade de 2012, foram feitas de uma forma esquisita, digamos assim. Por exemplo, as vendas foram precisamente efectuadas em momentos em que os activos estavam subavaliados (EDP e REN tinham-se desvalorizado na bolsa) e vivia-se um enquadramento económico muito negativo. E, apesar da troika exigir a venda, o Governo não soube (ou não quis) esperar por um momento mais favorável.

Diz, também, o Tribunal de Contas que a Parpública, a empresa que gere as participações empresariais do Estado, mostrou falta de transparência na contratação de assessores financeiros e não acautelou aquilo a que normalmente se chama "conflito de interesses", nos processos de privatização da EDP e da REN. Ou seja, a Parpública não assegurou que os consultores financeiros (seja para a avaliação prévia das empresas ou para a assessoria no decurso do respectivo processo de venda) ficassem impedidos de assessorar posteriormente os potenciais investidores. O que, como sabemos, veio a acontecer: o BESI (não esqueçamos que o seu Presidente, José Maria Ricciardi, é amigo do Primeiro-Ministro) foi o consultor (o avaliador) do Governo no processo de (re)privatização da EDP e da REN” e foi, mais tarde, o consultor financeiro dos compradores: a China Tree Gorges, no caso da EDP, e a State Grid, compradora da REN. Resumindo: ninguém cuidou de saber se havia, ou não, o tal conflito de interesses. Inacreditável! E o que dizer do quanto nos custou a assessoria financeira da Caixa BI que recebeu mais de 20 milhões de euros? Incrível ...

Há quem questione o trabalho das empresas de auditoria e do Tribunal de Contas, argumentando que de nada servem por só constatarem as ilegalidades à posteriori. Pois eu acho que, embora de facto as análises sejam feitas só depois dos actos praticados, esse trabalho serve fundamentalmente para duas coisas. A primeira, para acautelar situações futuras. A segunda, para, em caso de má-fé ou de ilícitos comprovados, a justiça possa actuar.

E, neste caso, embora Passos Coelho já tenha afirmado que "o Governo está de consciência tranquila em relação aos processos de privatização da REN e da EDP", continuo a pensar que se justifica inteiramente a chamada de atenção do Tribunal de Contas. De tal modo que continuo a implorar:"Acudam-nos ..."