sexta-feira, dezembro 18, 2009

Boas Festas e Bom Ano Novo



Cumprimento todos os que nos têm feito companhia e, nesta época de festas,

desejo que tenham



SAÚDE


PAZ e


AMOR



E que 2010 vos traga tudo de bom




BOAS FESTAS!
BOM ANO NOVO!





quinta-feira, dezembro 17, 2009

Uma tarde no Chiado



Ontem, numa das portas dos Armazéns do Chiado, uma jovem entregava pequenas brochuras publicitárias a quem entrava. Pela jovem, indolente e desinteressada pelo que estava a fazer, passavam pessoas que apanhavam o papel que lhes era entregue e respondiam “obrigado”. Fui sempre observando a rapariga na esperança de lhe ver um sorriso ou uma qualquer expressão de simpatia. Qual quê? Era ela que tentava “vender” um produto mas eram os passantes, eventuais compradores sem estímulo para tanto, que acabavam por balbuciar o agradecimento.


E pensei, não deveria ser ao contrário?

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Eles estão para chegar


Não aguento mais. Caramba, é bom que tenhamos consciência do que está a acontecer. Provavelmente mais de setecentos milhões de Pais-Natal pululam por aí - nas ruas, nos centros comerciais, a escalar as paredes dos prédios – e é nossa obrigação chamar a atenção de todos de que o Pai Natal não existe, nada tem a ver com o Natal e que apenas se tornou popular porque a Coca-Cola se lembrou de o inventar um dia.


Mas, como se não bastasse ter que ouvir, vezes sem conta, um homem já de certa idade, barbudo, vestido de vermelho (e às vezes de verde), com grande barba branca e faces rosadas dizer com a voz rouca “Oh! Oh! Oh!”, nós portugueses, que temos a mania de oscilar entre o miserabilismo e a glória suprema, imaginámos que ficaríamos muito mais ricos se o nome do país pudesse figurar no livro dos recordes mundiais.


Daí que, em 2007, no Porto, foi organizado um desfile de Pais-Natal que juntou 5443 pessoas fardadas a rigor e, por isso, entrou para o Guiness Book of Records.


No ano passado juraram que podiam fazer ainda melhor e conseguiram juntar cerca de 9000 participantes. Bateram o seu próprio recorde e entraram, de novo, para o Guiness.


E porque já foi anunciada nova convocatória para o próximo dia 20 é bom que manifestemos a nossa preocupação e que forcemos o Governo a acabar de imediato com toda esta palhaçada (desculpem mas esta do palhaço está na moda) antes que seja tarde, não vá a iniciativa juntar ainda mais Pais e Mães-Natal. Sim porque a “criatividade” de algum desocupado já inventou a figura da Mãe-Natal, como se os “Pais” não fossem suficientes.


Fora com os Pais-Natal e com as árvores de Natal. Comemore-se a quadra à maneira antiga, à volta de um presépio. Pensem nisso, um presépio, por mais simples que seja, só com o S. José e a Virgem Maria, o menino Jesus, o boi e a vaquinha, enfim, os Reis Magos se pretenderem transmitir mais solenidade ao quadro. Reinventem e façam-no mais sofisticado se quiserem. Mas, meus Amigos, o Natal, à séria, o seu espírito, festeja-se com o presépio.


Já agora, e a propósito da quadra, porque não substituir o Bolo-Rei pelo Bolo-Presidente? Portugal é uma República, certo?




terça-feira, dezembro 15, 2009

Orçamento rectificativo

Quando ontem me insurgi contra a rebaldaria de como se gastam os dinheiros públicos não podia imaginar que minhas próprias contas estavam à beira do colapso. E de tal modo, que tive que apresentar à família um orçamento rectificativo (ou redistributivo, ou lá o que é).


E não julguem que a situação tem a ver com as compras de Natal. Não, as coisas estavam muito bem controladas e nada fazia prever que houvesse necessidade de alterar fosse o que fosse.


O que veio abalar as minhas finanças foi a notícia do Expresso que me fez saber que a dívida do sector público dos transportes custa 1 400,00 euros a cada português. Dito por outras palavras, cada residente neste belo país deve ao Estado 1 400,00 euros só para pagar os prejuízos dos transportes públicos.


Como nada tenho para vender que constitua um proveito extraordinário que possa fazer face às despesas extraordinárias de que agora tive conhecimento, não tive outro remédio do que elaborar um “rectificativo” orçamental.


O pior – e a acreditar na afirmação da líder do PSD “o grande problema é que não se conhece a verdadeira situação das contas públicas” - é se até ao fim do ano ainda aparecerem outras despesas inesperadas. Aí, não me restará outra alternativa senão apresentar um novo orçamento rectificativo ao rectificativo de agora, tal como faz o Governo. É a vida!


segunda-feira, dezembro 14, 2009

Falta de rigor


Eu sei que é uma coisa de somenos importância. Não passa, aliás, de mera divergência de números a que, noutras circunstâncias, ninguém certamente ligaria. Só que, neste caso, estamos a falar de uma discordância que tem a ver com o dinheiro dos contribuintes e, por isso mesmo, temos o direito de exigir total rigor e transparência.


Em concreto, refiro-me à distribuição de computadores pelas escolas, nomeadamente do “Magalhães”, mas não só.


Segundo o actual Ministro das Obras Públicas, António Mendonça, a operação custou 120 milhões de euros. O anterior Ministro, Mário Lino, afirmou ter custado 116 milhões e o Presidente da Fundação para as Comunicações Móveis, entidade que gere o programa e-escolas, estima que os gastos terão ficado pelos 112 milhões.


Cento e doze ou cento e vinte milhões, a diferença é insignificante. Uns míseros oito milhões de euros que, seguramente, não nos vão tirar o sono. O que nos preocupa, isso sim, é a falta de rigor como se gere a coisa pública, onde ninguém parece saber ao certo quanto, onde e como se gasta o dinheiro de todos nós. E, nesta matéria, deveríamos ser bem mais exigentes.

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Uma coisa é uma coisa e uma outra coisa é uma outra coisa


Já devem ter lido ou ouvido a história. Ao que a imprensa divulgou, dois polícias franceses - que não estavam de serviço nesse momento (isto é importante) - assaltaram uma lojeca e roubaram uns quantos telemóveis e mais umas coisitas que estavam ali mesmo à mão de semear. Só por isso o zunzum foi enorme.


Achei a notícia curiosa porque se costuma elogiar quem depois de uma jornada longa e dura de trabalho ainda tem disposição e talento para bulir mais umas horas num segundo emprego. Acontece, por exemplo, com os engenheiros que também são professores, com os fiscais das autarquias que fazem uns biscates como canalizadores, com os carteiros que são taxistas ou com os bancários que têm umas “escritas”. Diz-se deles que são uns tipos muito trabalhadores.


Mas a dupla função de polícias/ladrões não combina lá muito bem. Não só não se reconhece a determinação e o esforço de quem tenta fazer pela vida, como – injustiça das injustiças – acham que os pobres coitados só pelo facto de serem polícias não podem ser também ladrões. Nem sequer se atenta ao facto de que os personagens só vestem a pele de ladrões apenas e só porque estão de folga como polícias.


É que, meus amigos, uma coisa é uma coisa e uma outra coisa é uma outra coisa.


quinta-feira, dezembro 10, 2009

Eu não disse?


Quando há menos de 24 horas aqui escrevi “ … agora, que se sirvam do Parlamento para toda a troca de acusações e insultos sem sentido, é intolerável … “ não podia imaginar a “peixeirada” incrível que desabou na primeira audição da Comissão Parlamentar de Saúde.


Não tarda nada que estejamos ao nível dos Parlamentos da América da Sul e da Ásia em que vale tudo incluindo a agressão física.


Ouçam e façam o vosso próprio juízo.


Palavras para quê?




quarta-feira, dezembro 09, 2009

E é para aquilo que pagamos àqueles senhores?


Já passaram alguns dias mas, ainda assim, não os suficientes para fazer esquecer o que aconteceu. Refiro-me às tristes cenas do debate quinzenal de sexta-feira passada na Assembleia da República.


Sabendo, embora, que aquele tipo de retórica e violência fazem parte da chamada democracia parlamentar, o espectáculo a que se assistiu foi lamentável, chocante mesmo, para quem espera que os políticos que elegemos debatam sobretudo a forma como pretendem resolver os problemas do país.


Que inventem e discutam disparates como a “espionagem política” e as escutas de alegados “crimes políticos” em privado, tudo bem. Agora, que se sirvam do Parlamento para toda a troca de acusações e insultos sem sentido, é intolerável. Seria desejável que se discutissem ideias, que se fizessem alianças, no mínimo que chegassem a consensos, que delineassem políticas capazes de inverter coisas tão banais e tão importantes para os cidadãos como a queda eminente da já débil economia e a escalada imparável do desemprego.


Senhores Governantes e Deputados, pensem um bocadinho que seja naqueles que representam. Nos que votaram em vós e também nos outros. Em todos aqueles que vão assistindo impotentes às discussões sem nexo e à politiquice barata de onde pouco ou nada sai de concreto e de útil para a vida de todos nós.


Perante tudo isto e o número crescente de casos obscuros que vêm a público - os que estão em investigação e os muitos que teimam a aparecer a toda a hora - é cada vez maior o número de portugueses que questiona:


E é para aquilo que pagamos àqueles senhores?


sexta-feira, dezembro 04, 2009

Os agentes voadores


Todos nós sentirmos que a insegurança está a aumentar. Apesar de tudo, ficámos bem mais animados ao saber que a nossa polícia já dispõe de viaturas equipadas com novas tecnologias que permitem detectar carros a circular ilegalmente, nomeadamente no que toca a seguros desactualizados, que têm ordem de apreensão etc.


Mas o mais tranquilizante para o comum dos cidadãos é o facto de sabermos que em breve as polícias vão passar a dispor de agentes que viajarão em ultraleves. De onde poderão ser chamadas a coordenar situações de perseguição a criminosos, em que os agentes no terreno andarão montados em potentes motorizadas de dois lugares.


Embora seja uma boa notícia, não será ainda suficiente. A criminalidade tem aumentado assustadoramente e apesar dos “agentes voadores” a população necessita de mais e melhor protecção.


Mas os tais agentes que viajarão nos ultraleves também têm razões para estar preocupados. Nunca se sabe se vão estar na mira de uns “snipers” de má pontaria que, em vez do tiro aos pombos ou aos pratos, bem podem começar a atirar indiscriminadamente nos polícias, com as suas “potentes” espingardas de pressão de ar.

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Porreiro, pá


Há muito que pais e educadores dão um duro danado para meter nas lindas cabecinhas dos nossos educandos que as comemorações de certas datas correspondem a determinados feitos, explicando-lhes o que aconteceu de relevante nesses dias, se possível de uma forma interessante. Tentamos, enfim, enriquecê-los culturalmente.


“Sabes o que foi o 25 de Abril?”


“O que se passou no 5 de Outubro?”


É, afinal, uma obrigação de quem tem a responsabilidade de formar crianças e jovens.


Mas, como se costuma dizer, o óptimo é inimigo do bom. Nada de excessos. O processamento maciço de informação pode produzir um efeito contrário. E hoje, com tantas coisas que nos distraem à nossa volta, é muito mais inteligente fornecermos conhecimentos em doses certas, de forma consistente e procurando não sermos chatos.


Por isso, fico preocupado com o que vou começar a contar sobre o 1 de Dezembro a partir de agora. Até aqui era o dia da Restauração. O momento em que os portugueses, em 1640, decidiram acabar com a dinastia dos Filipes de Espanha para voltarmos a ser independentes e donos do nosso próprio destino.


E daqui para a frente o que é que eu vou dizer? É que para além do dia da Restauração, a partir de agora - 1 de Dezembro de 2009 - começa-se a celebrar o dia do “Tratado de Lisboa”. Tratado europeu esse que, segundo disse há dias António Vitorino, de tão complicado que é ninguém lhe vai mexer nos próximos 10 anos. Pelo menos.


Vamos então ensinar às nossas crianças e adolescentes que no 1º. de Dezembro se comemora a Restauração e o Tratado de Lisboa.


Lá está, com tanta informação junta, temo sinceramente que os nossos jovens venham a reter que o 1º de Dezembro é apenas um dia feriado ou, quando muito, que é o dia do “Porreiro, pá”.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Mais uma vez a solidariedade dos portugueses respondeu presente. E se é verdade que o Banco Alimentar tem conseguido granjear – através da seriedade e transparência da sua acção e do empenhamento de todos os que trabalham por tão nobre causa e nomeadamente os seus voluntários (os da campanha e os de todo o ano) –a confiança dos portugueses também é verdade que esses mesmos portugueses, apesar do clima de profunda crise económica, continuam a aderir à chamada, a favor de quem mais precisa.


A prova disso é que no último fim-de-semana os Bancos Alimentares Contra a Fome angariaram em todo o país 2 498 toneladas de alimentos, mais 30,9% do que o conseguido em Novembro de 2008.


A campanha deste fim-de-semana, cujo lema foi “Dê a melhor parte de si ao Banco Alimentar: a sua solidariedade” foi um êxito. Mais uma vez os pequenos/grandes gestos dados por milhares de pessoas – algumas que se arrastaram até aos supermercados com evidente esforço físico só para contribuírem e tantas outras, também elas a lutarem com muitas dificuldades - conseguiram o “milagre” de dar um pouco mais aos que mais necessitam.


Estamos todos de parabéns.

sexta-feira, novembro 27, 2009

O que o Banco Alimentar faz que mais ninguém faz


Hoje transcrevo parte de um texto escrito pelo jornalista José Manuel Fernandes, publicado no Jornal Público no dia 24 de Dezembro de 2008 com o mesmo título deste post.


José Manuel Fernandes nesta sua crónica natalícia sobre as diversas acções de apoio a pessoas desfavorecidas, refere instituições como a “Comunidade Vida e Paz”, a “AMI” e outras, mas destaca o papel desempenhado pelo Banco Alimentar Contra a Fome durante os doze meses do ano.


Apesar de ter passado quase um ano, e porque estamos em vésperas de nova recolha de alimentos, parece-me oportuno transcrever as suas palavras.


“… O segredo do Banco Alimentar não está nas recolhas regulares de alimentos, que sensibilizam a população e que este ano (2008), apesar da crise, ou por ser de crise, renderam mais do que em anos anteriores. O segredo está na rede de recolha de alimentos que seriam destruídos pelas grandes redes de distribuição e ser capaz de os colocar onde são necessários, onde fazem falta. Não em qualquer guichet onde se tira a senha, mas nas creches, nos lares, nos abrigos, em todas as instituições onde servir uma refeição melhor faz toda a diferença. Muitos dos que são ajudados pelo Banco Alimentar nem suspeitam que o são…”.


Seja através dos excedentes das empresas que colaboram com o Banco Alimentar, seja através de iniciativas do BA que vão acontecendo ao longo do ano e que, na generalidade, não são do conhecimento do grande público, seja pelas recolhas de alimentos que são efectuadas duas vezes em cada ano, tudo o que é conseguido constitui uma ajuda preciosa a quem tanto depende desse apoio para ter uma existência um pouco mais digna …”.


José Manuel Fernandes tem toda a razão. Todas as ajudas são “ajudas preciosas. Segundo a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares contra a Fome, no primeiro semestre de 2009 foram apoiadas com produtos 1 650 instituições, que concederam ajuda alimentar a mais de 267 mil pessoas comprovadamente carenciadas.


Sábado e Domingo próximos contamos com todos vós.






quinta-feira, novembro 26, 2009

Voyeurismo político?


Depois do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça e do Procurador Geral da Republica terem tornado público que nas escutas efectuadas no âmbito do processo “Face Oculta” não encontraram elementos que justifiquem procedimento criminal contra José Sócrates, o que é que, de facto, os portugueses querem saber?


Reparem que não está em causa se o primeiro-ministro pode ou não pode ser “escutado”, não se questiona sequer porque é que as escutas se tornaram a principal forma de investigação no nosso país quando, outrora, uma das acusações que se fazia à PIDE era justamente o abuso intolerável da devassa da privacidade dos cidadãos, nem, e finalmente, se José Sócrates está envolvido no processo da sucata”.


O que a rapaziada quer mesmo saber é se o Sócrates disse ao Vara que a Manuela Moura Guedes tinha que ser corrida da TVI porque já andava a chatear com tanta perseguição ao PS e, sobretudo, a ele próprio. Provavelmente um tipo de desabafo igual a tantos outros que se fazem entre camaradas, como aquele que confidenciei ontem a um amigo “O Teixeira dos Santos bem pode dizer que este orçamento que vai apresentar é redistributivo quando para mim é simplesmente rectificativo”.


E depois? Qual foi o mal deste meu comentário feito em privado? E o de Sócrates feito ao Vara em conversa particular?


Miguel Sousa Tavares escrevia no Expresso do último sábado com bastante ironia:


“… Sigam o raciocínio: se o PM fala sobre o futuro da TVI é porque queria interferir nele; e, se queria interferir nele é porque queria silenciar o Jornal de Sexta, que estimava, e, aliás, com razão, ser um jornal ad hominem, dirigido contra ele; logo, se queria silenciar o Jornal de Sexta é porque queria atentar contra a liberdade de informação; e, logo, se era isso que no fundo queria, estava a atentar contra o Estado de Direito”.


Meus amigos, a verdade é que se já nem acreditamos na palavra do PSTJ e do PGR (se calhar até achamos que eles estão todos “feitos” uns com os outros), se duvidamos do que afirmam e queremos tão-somente que eles “confessem” outra coisa, aquela que nós gostaríamos de ouvir (porque certezas já nós as temos), provavelmente o que acontece é que achamos que tudo o que nos contam é pura mentira. Já não acreditamos em nada nem em ninguém.


A ser assim, o nosso interesse tende a centrar-se apenas nos aspectos marginais das questões, deixando o essencial de fora e, perigo dos perigos, começamos a não saber distinguir entre o que é informação e voyeurismo político.




quarta-feira, novembro 25, 2009

Conversas de café


Nos últimos dias ouvi, um pouco por todo o lado, os ecos da imensa preocupação que vai na alma dos portugueses porque o “Rei da Sucata”, Manuel Godinho – o da “Face Oculta” - conseguiu ganhar seis contratos ao Exército, apesar de estar em prisão preventiva.


Aliás, esta semana, não se ouvia sequer falar de outra coisa que não fosse “o malandro está preso e mesmo assim uma das suas empresas ganhou um concurso público nacional a que concorreram uma data de outras empresas de sucata, cujos patrões ainda estão cá fora”.


O que prova que o Godinho é um belo gestor e que as suas organizações não necessitam da sua presença para fazerem bons negócios. Faz lembrar aquela velha teoria de que quando os árbitros são competentes nos jogos que dirigem nem se dá pela presença deles.


Não sei se esta analogia foi feliz. Tanto mais que se diz tanta coisa dos árbitros … ainda que nenhum tenha sido preso.


O meu desassossego, porém, é outro. Empreendedor como é, temo que Manuel Godinho olhando para as grades da cela onde se encontra, já tenha assegurado a compra das mesmas quando, um dia, forem substituídas.

terça-feira, novembro 24, 2009

Se conduzir não beba

A acreditar na teoria que as autoridades insistentemente divulgam, grande parte dos acidentes na estrada são devidos ao excesso de álcool dos condutores. Daí as múltiplas campanhas de prevenção que são lançadas e que andam todas elas, à volta de:


“Se conduzir não beba”,


“Se beber não conduza”,


“Se conduzir, beba com moderação”.


Por isso fiquei surpreendido ao receber uma carta do Automóvel Club de Portugal (ACP) que me pedia para responder a um questionário e que anunciava que em troca da minha participação se propunham enviar-me 4 garrafinhas de vinho tinto. E fiquei tão espantado porquê? Apenas porque o ACP, o mesmo ACP que ao longo dos anos tem sido um dos principais mentores da condução segura e, por extensão, da condução sem álcool, se prepara para oferecer aos seus sócios justamente umas embalagens de uma bebida alcoólica.


Eu sei que se trata de, apenas, 4 garrafitas de 0,25cl de vinho, portanto de 1 litro no total. De qualquer forma, achei curioso que a oferta fosse um produto que pode ser prejudicial à condução e não um qualquer acessório directamente ligado aos automóveis, como se poderia esperar de uma associação de automobilistas.


Bom, mas o ACP ao ser criativo deste modo teve, também, a sensibilidade e a habilidade suficientes para suster as eventuais críticas. Pelo que esclareceu:


“Receba esta caixa grátis


O vinho xxxx é produzido pela Adega xxxx, de xxxx, e apresentado numa inovadora e elegante garrafa de 0,25cl, a medida certa para um correcto consumo individual”.


Portanto, criativo e pedagógico.


Ah, e eu já respondi.



segunda-feira, novembro 23, 2009

Matrimónio macabro



Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-o e respeitando-o até que a morte os separe?” – esta a frase tradicional que se costuma ouvir em todos os casamentos e cuja resposta é, invariavelmente, “sim”. Enfim, o normal, num casamento normal.


O que já não é comum, e provavelmente não haverá muitos por esse mundo, foi o casamento celebrado entre uma noiva jovem e um marido que … tinha morrido há um ano. Foi o que aconteceu há dias quando a francesa Magali Jaskiewicz deu o nó com o defunto que foi vítima de um acidente mortal há um ano.


E isto só foi possível porque a lei francesa prevê a possibilidade “postmortem” nos casos em que um contratempo impede um casamento já anunciado, como aconteceu nesta situação em que Magali e Jonathan George – que já viviam em união de facto e tinham dois filhos em comum – deram conhecimento da sua intenção de casar dois dias antes do desastre que vitimou George.


Apesar da desgraça, Magali quis assumir os votos anteriormente formulados e, assim, passou directamente do estado de solteira para o de viúva. Uma cerimónia a título póstumo em que ao lado da noiva esteve presente a fotografia de um George sorridente.


Impressionante e macabro, não acham?





quarta-feira, novembro 18, 2009

Creio no Mundo como num malmequer


"Creio no Mundo como num malmequer" de Alberto Caeiro

Creio no Mundo como num malmequer,

Porque o vejo. Mas não penso nele

Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele

(Pensar é estar doente dos olhos)

Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...

Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,

Mas porque a amo, e amo-a por isso,

Porque quem ama nunca sabe o que ama

Nem sabe porque ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,

E a única inocência é não pensar...

terça-feira, novembro 17, 2009

Segredo de justiça


Embora já tenha idade para ter juízo, continuo a ser ingénuo. Vejam lá que me passou pela cabeça que as constantes fugas de informação sobre os casos mais mediáticos em investigação não eram senão meros descuidos. Ingénuo mas não tolo. Cansei de assistir a contínuas fugas, umas atrás das outras. É que já não são simples descuidos, é negligência pura, ou pior ainda, parece existir uma criminosa intenção de divulgar factos, supostamente em segredo de justiça, para atingir e difamar alguém.


Tecnicamente, o segredo de justiça determina a proibição da divulgação do que se passa no processo-crime, independentemente do motivo que presidir a tal divulgação.


A não ser que – e lá está de novo o meu lado naif a manifestar-se – haja pessoas nesses meios da justiça que não conseguem mesmo guardar segredos.


Freud dizia que saber guardar um segredo era um dos primeiros sinais do processo saudável de autonomia. Não me parece que se aplique neste caso.


Por outro lado, há quem pense que quem revela segredos vem a sentir arrependimento e um sentimento de traição. Também não parece ser o caso.


Temos, portanto, pessoas que, de modo soez, divulgam cirurgicamente informações reservadas. É tempo da justiça actuar, mesmo que seja contra os seus próprios agentes. E, como dizia há dias o antigo Presidente da República, Mário Soares, “é preciso que a Justiça não seja uma Face Oculta”.




segunda-feira, novembro 16, 2009

Quase me esquecia …


Uma coisa que me aborrece mesmo é que só muito raramente se valoriza aquilo que é feito de bom em Portugal e pelos portugueses. Aliás, raramente, é uma forma subtil de dizer, porque o normal é não dar atenção ao que se faz bem, sobretudo se pensado e realizado pelos nativos deste país periférico e à beira-mar plantado.


E procedemos assim porque não temos motivos suficientes de que nos possamos orgulhar? Não, a verdade é que são cada vez mais os casos de sucesso que, em Portugal ou no estrangeiro, têm portugueses como protagonistas.


Ainda agora se soube que um português, de seu nome, Carlos Neves, ganhou uma medalha de ouro na Suíça por ter produzido o melhor queijo suíço feito na própria Suíça.


Com o “Vacheri”, o equivalente ao nosso Queijo da Serra, Carlos Neves ganhou o tal galardão porque o queijo foi considerado o melhor produto suíço de todas as regiões demarcadas, o melhor entre 8 500 produtos avaliados. Um prémio de excelência atribuído à qualidade da mão-de-obra portuguesa, uma vez mais reconhecida lá fora e uma vez mais desprezada pela comunicação social do nosso país que prefere continuar a passar notícias - até à exaustão - das desgraças do país e do mundo.


Diz-se que comer queijo faz esquecer. Neste caso não por comer mas, provavelmente, por ter estado a falar no dito, quase me esquecia de assinalar a vitória da nossa selecção nacional de futebol que, com grande dificuldade, uma enorme dose de sorte, uma trave e dois postes, lá conseguiu ganhar à congénere da Bósnia por um modesto (e vamos a ver se suficiente) um a zero.


Atendendo a que o assunto era futebol, todos os jornais e televisões deram, neste domingo, o destaque merecido. Mas, pergunto, se não fosse de futebol será que alguém se lembraria de falar no prémio ganho por Carlos Neves?



sexta-feira, novembro 13, 2009

“Admirável Mundo Novo”



Receio que uma vez mais o título da crónica de hoje tenha criado falsas expectativas ao leitor. “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley é uma obra maior da literatura do século XX, onde Huxley “imagina” um modelo de sociedade futura, condicionada em termos genéticos e psicológicos, e onde denuncia os perigos que ameaçam a humanidade. Uma leitura que considero imprescindível.


De forma mais modesta, o meu “mundo novo” da crónica de hoje, resume-se apenas à vontade de partilhar convosco uma cena a que assisti há dias e que me impressionou bastante.


Não muito longe do lugar em que eu me encontrava, uma mulher tinha uma das mãos junto da face, enquanto que a outra mão gesticulava furiosamente em vários sentidos e agitava os dedos em rituais estranhos. Disfarçadamente olhei para a mulher sem compreender. Parecia louca.


Percebi então que “falava” ao telemóvel, através de uma vídeo-chamada. Aquela mulher estava a comunicar gestualmente com outra pessoa. Todos aqueles esgares e movimentos faziam sentido para quem não podia transmitir ou receber os sons de forma tradicional.


Era gente que não ouve (e que não fala a maior parte das vezes) a comunicar entre si através de um simples telefone portátil, independentemente das distâncias.


“Admirável mundo novo”, pensei.

quinta-feira, novembro 12, 2009

Teste


Proponho-vos hoje um texto. Um texto e um teste. Leiam-no e adivinhem quem o escreveu.



“Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio,

Fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora,
Aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias,
Sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice,
Pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;
Um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem,
Nem onde está, nem para onde vai;
Um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom,
E guarda ainda na noite da sua inconsciência como que
Um lampejo misterioso da alma nacional,
Reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula,

Não discriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha,
Sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima,
Descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas,
Capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação,
Da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa
Sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos,
Absolutamente inverosímeis no Limoeiro.

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo;

Este criado de quarto do moderador; e este, finalmente,
Tornado absoluto pela abdicação unânime do País.

A justiça ao arbítrio da Política,

Torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.

Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções,

Incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e
Pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos,
Iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero,
E não se malgando e fundindo, apesar disso,
Pela razão que alguém deu no parlamento,
De não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar.”

Não, erraram redondamente. Não foi Medina Carreira. O magnífico e contundente texto que transcrevemos foi escrito por Guerra Junqueiro em 1896. Repito, este texto foi escrito pelo deputado, jornalista, escritor e poeta GUERRA JUNQUEIRO em 1896.

Passados estes anos todos, verificamos que nada mudou.

Como dizia Guerra Junqueiro “Alguém tem dúvidas que o povo é imbecil? O problema é que a Raça é fraca”.



quarta-feira, novembro 11, 2009

Até que enfim!


A rebaldaria das viagens acabou. Pelo menos acabou a forma como eram utilizadas até agora. Jaime Gama, Presidente da Assembleia da República decidiu que a partir desta legislatura, doravante e para o futuro, os deputados não vão poder desdobrar bilhetes de avião nem usar em proveito próprio as milhas percorridas em deslocações oficiais.


Eu sei que dava um certo jeito prescindir da utilização da classe executiva para poder viajar com um acompanhante em classes inferiores. Era simpático dar-se aos deputados da nação a possibilidade de alguém viajar com ele e à conta, sem que o Estado pagasse mais por isso. Era o chamado dois em um em que todos ganhavam. Só que, esse esquema, ainda que legal, era em si mesmo imoral e destituído de ética.


Mas não sei se a medida não poderia ter ido um pouco mais além. Afinal, se os Deputados não se importavam de viajar em classe económica só para levar consigo uns familiares ou amigos, será que o regulamento não deveria obrigar a que todas as viagens fossem efectuadas com bilhetes mais baratinhos? Afinal, muitos desses senhores até já o faziam.


Eu sei que a honorabilidade dos cargos exige certos formalismos mas, caramba, o país não está propriamente no melhor dos momentos e esse sacrifício (?) bem poderia ser suportado por pessoas que não devem ser das mais desfavorecidas da nossa sociedade. Pelo menos nas viagens de curto e médio curso. Não concordam?

terça-feira, novembro 10, 2009

Vinte anos depois … e muitos muros por derrubar


Há umas horas atrás, em Berlim, um dominó gigante desmoronou-se perante milhares de berlinenses e dezenas de líderes políticos de todo o mundo. E os principais canais de televisão mostraram em directo a cerimónia comemorativa dos vinte anos da queda do muro de Berlim.


Duas décadas depois, embora felizes pelo derrube de um dos símbolos mais visíveis da guerra fria entre o Ocidente e o Bloco de Leste regido pela União Soviética, há muros que teimam em erguer-se altaneiros para separar países e famílias em várias partes do mundo.


E todos eles justificados por motivos tão díspares como o combate à violência, à imigração ilegal ou à propagação de doenças infecciosas ou para delimitar terreno às comunidades de diferentes religiões, etnias ou políticas. O resultado prático é sempre o mesmo: isolar. Tal como fizeram em Berlim em 1961.


E a lista de muros e cercas que continuam a existir é extensa. Por exemplo, quinhentos quilómetros de cercas eléctricas de alta voltagem separam o Botsuana e o Zimbabué. Foram construídos muros por Israel na Cisjordânia. Grande parte da fronteira do Uzbequistão está fechada por cercas de arame farpado. Quase três mil quilómetros de fronteira entre a Índia e o Paquistão têm muros, cercas e fortificações e na região de Caxemira a fronteira é reforçada com minas. Há barreiras a separar os Estados Unidos e o México. Em volta das favelas do Rio de Janeiro estão a ser construídos muros.


Vinte anos depois estamos em festa pá, como na canção do Chico Buarque. Comemoram-se os vinte anos da queda do muro de Berlim. Mas, pergunta-se, e os outros muros – igualmente brutais, cheios de ódio e intolerância - daqui a quando anos é que poderemos também comemorar a data do seu derrube? É que continuam muitos muros por derrubar.







segunda-feira, novembro 09, 2009

A queda da Ministra


Mesmo antes do actual governo tomar posse, já se vaticinava que esta legislatura não deverá chegar ao fim. Segundo alguns comentadores a sua queda será inevitável.


Como que a agourar tal destino, a nova Ministra do Trabalho, Helena André, já se encarregou de protagonizar “a queda”, tendo, ela própria, tomado a iniciativa de cair em plenos Passos Perdidos da Assembleia da República no dia em que se debateu o Programa do Governo. E caiu não uma mas duas vezes.


Dizem que o encerado do chão foi o responsável por tão aparatosos “espalhanços”, mas a verdade é que estas duas quedas podem sugerir algo de premonitório.


Para já, o que se sabe é que a Ministra não se magoou e mostrou grande agilidade a levantar-se, o que pode ser um bom sinal (político) para o Governo a que pertence.


Cá para mim, no entanto, e dado o passado sindical de Helena André, o que o trambolhão significa mesmo é que ela tem queda para a política.

sexta-feira, novembro 06, 2009

O gesto


Olhei por acaso para o cantoneiro (não sei se é assim que se chama ao funcionário que antigamente era conhecido por varredor) que empurrava o carrinho do lixo ao longo da rua. Aqui e ali parava, apanhava o lixo do chão, colocava-o na pá que, depois, despejava num dos baldes do carrinho. Enquanto trabalhava, o cigarrito que lhe servia de companhia ficava dependurado na boca.


Os gestos repetiam-se, o cigarro ia-se extinguindo e a calçada ficava mais limpa. Até que o cigarro se tornou beata e o varredor acabou por a atirar para o chão que acabara de limpar.


Nesse momento não pude deixar de pensar no que teria levado aquele homem, responsável pela limpeza da rua, ser - ele próprio – o causador do emporcalhamento da mesma. Nesse círculo vicioso do suja, limpa e suja, só consegui imaginar duas razões para o gesto: Descuido ou distracção.


A não ser que, ainda que inconscientemente, quisesse garantir o seu próprio posto de trabalho …