Senti uma grande indignação quando soube que a EPAL cortou a água a quase 12 mil famílias em 2013 por falta de pagamento. Uma subida de 15,41% em relação ao ano anterior, precisamente quando a austeridade mais afectou os portugueses.
Eu sei que o assunto é polémico e que, logo no primeiro parágrafo deste texto, poderão ter pensado "então, se não pagam do que é que estão à espera?" ou, porventura, "então nós temos que pagar para ter água e há gente que quer a água de borla? Que raio de justiça é essa?". E não sabendo como responder a estas questões não posso, contudo, deixar de lembrar uma frase que ouvi tantas vezes à minha mãe: "Um copo de água não se recusa a ninguém", muito embora a quantidade de água que se cortou a tantas famílias não se resumisse apenas à que encheria um simples copo.
Só que a água é um bem essencial, muito mais do que a electricidade ou o gás, e que é absolutamente necessária para beber, cozinhar ou para a higiene.
Como referi, não sei como se resolve uma situação como esta. Mas sei que nunca responderia como os responsáveis da EPAL: "... ninguém morrerá de sede porque há por aí muitos chafarizes e fontes". Resposta completamente abstrusa que manifesta uma total falta de sensibilidade social e que me fez lembrar aquela outra da Imperatriz Maria Antonieta perante as dificuldades dos seus súbditos: "Se não têm pão comam brioches". A verdade é que a água não se pode (não se deveria poder) recusar a ninguém, ainda que as autarquias tenham que "inventar" as rubricas de onde tirar o dinheiro, provavelmente em detrimento de obras com menos interesse para as populações.