Quando eu julgava que o mais importante nesta altura era discutir qual seria o próximo Governo de Portugal, ou seja, o que poderíamos esperar dos partidos que vão concorrer às legislativas de Setembro ou Outubro, o que agora parece ser realmente importante é a eleição para Presidente da República, o que acontecerá só no próximo ano. É certo que tudo leva o seu tempo a organizar mas, que diabo, existem prioridades e, neste momento, deveríamos estar mais interessados em saber como e por quem a nossa vida vai ser gerida. Mas isto, sou eu a dizer ...
A comunicação social, os politólogos, os opinadores do costume e os comentadores em geral acham exactamente o contrário. O que, na verdade, interessa é saber quem vai ocupar a cadeira presidencial. Daí que, todos os dias, sejamos bombardeados com todo o tipo de programas em que se debate (à exaustão) tão candente matéria. E, pelos vistos têm muito que comentar.
Os candidatos a candidatos a PR têm aparecido, muitos deles atraídos apenas pelos seus "segundos de fama". Todos os dias chega mais um e, apenas um (António Guterres), já disse que não está para aí virado. Mas outros - e já são sete - anunciaram as candidaturas: Paulo Freitas do Amaral, Castanheira de Barros, Henrique Neto, Paulo Morais, Manuel João Vieira, Manuel Almeida e, agora, Orlando Cruz. E hão-de candidatar-se mais. Desde logo, Sampaio da Nóvoa, Marcelo Rebelo de Sousa e, provavelmente, Santana Lopes.
E se eu tenho uma especial predilecção pelo candidato Manuel João Vieira, por ser um artista multifacetado, com um humor inteligente e bizarro, porque sei ao que vem (em anterior candidatura anunciou que a primeira medida que tomaria, se ganhasse, era demitir-se), o agora apresentado Orlando Cruz merece-me um pequeno comentário. Vi há poucos dias a sua apresentação como candidato, tendo a seu lado três elementos da sua comissão de quem ele - lamentavelmente - nem sabia os nomes. É um bom começo ... Mas quem é este homem? É o que em 2013 decidiu desistir da candidatura à Câmara do Porto para concorrer a Matosinhos, onde chegou montado num burro. Agora, quer ir para Belém. O mesmíssimo homem que teve duas quase-candidaturas a Belém (que não chegaram a materializar-se), algumas a deputado, uma à Câmara de Gondomar e outra à presidência de uma junta de freguesia. Exactamente aquele que já se apresentou como “empresário falido”, depois de ter sido taxista, camionista, actor de novelas, dono de restaurantes e de supermercados sendo, agora, escritor.
É certo que Orlando Cruz nunca foi eleito para o que quer que fosse. Será desta vez? Como também é certo que eu critico os que agora tanto falam sobre Presidenciais e - eu próprio - acabei de fazê-lo. Acontece!