Hoje vou partilhar convosco uma história que me contaram - um diálogo - que se teria passado em França, no tempo de Luís XIV, entre o Cardeal Mazarino e Colbert. Não tenho a certeza da sua veracidade mas, face ao que se tem observado ao longo dos tempos, não me custa acreditar que tivesse acontecido.
No século dezassete, o Cardeal Mazarino, embora nascido em Itália, foi primeiro-ministro de França no tempo do Rei Luís XIV e Colbert seu ministro do Estado e da Economia.
Então, o alegado diálogo terá sido mais ou menos assim:
Colbert: Para encontrar dinheiro, há um momento em que enganar [o contribuinte] já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar quando já se está endividado até ao pescoço...
Mazarino: Se se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão. Mas o Estado... o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se... Todos os Estados o fazem!
Colbert: Ah sim? O Senhor acha isso mesmo ? Contudo, precisamos de dinheiro. E como é que havemos de o obter se já criámos todos os impostos imagináveis?
Mazarino: Criam-se outros.
Colbert: Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.
Mazarino: Sim, é impossível.
Colbert: E então os ricos?
Mazarino: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
Colbert: Então como havemos de fazer?
Mazarino: Colbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tirámos. É um reservatório inesgotável.
Não acham que entre este “diálogo provável” e o que temos assistido na governação de há muitos anos a esta parte existem muitas “coincidências”? E são tão óbvias que não teríamos dificuldade em substituir os nomes de Mazarino e de Colbert por outros políticos bem mais recentes. Curioso, não é?