Cumprimento todos os que nos têm feito companhia e, nesta época de festas,
desejo que tenham
SAÚDE
PAZ e
AMOR
E que 2010 vos traga tudo de bom
BOAS FESTAS!
BOM ANO NOVO!
Ontem, numa das portas dos Armazéns do Chiado, uma jovem entregava pequenas brochuras publicitárias a quem entrava. Pela jovem, indolente e desinteressada pelo que estava a fazer, passavam pessoas que apanhavam o papel que lhes era entregue e respondiam “obrigado”. Fui sempre observando a rapariga na esperança de lhe ver um sorriso ou uma qualquer expressão de simpatia. Qual quê? Era ela que tentava “vender” um produto mas eram os passantes, eventuais compradores sem estímulo para tanto, que acabavam por balbuciar o agradecimento.
E pensei, não deveria ser ao contrário?
Não aguento mais. Caramba, é bom que tenhamos consciência do que está a acontecer. Provavelmente mais de setecentos milhões de Pais-Natal pululam por aí - nas ruas, nos centros comerciais, a escalar as paredes dos prédios – e é nossa obrigação chamar a atenção de todos de que o Pai Natal não existe, nada tem a ver com o Natal e que apenas se tornou popular porque a Coca-Cola se lembrou de o inventar um dia.
Mas, como se não bastasse ter que ouvir, vezes sem conta, um homem já de certa idade, barbudo, vestido de vermelho (e às vezes de verde), com grande barba branca e faces rosadas dizer com a voz rouca “Oh! Oh! Oh!”, nós portugueses, que temos a mania de oscilar entre o miserabilismo e a glória suprema, imaginámos que ficaríamos muito mais ricos se o nome do país pudesse figurar no livro dos recordes mundiais.
Daí que, em 2007, no Porto, foi organizado um desfile de Pais-Natal que juntou 5443 pessoas fardadas a rigor e, por isso, entrou para o Guiness Book of Records.
No ano passado juraram que podiam fazer ainda melhor e conseguiram juntar cerca de 9000 participantes. Bateram o seu próprio recorde e entraram, de novo, para o Guiness.
E porque já foi anunciada nova convocatória para o próximo dia 20 é bom que manifestemos a nossa preocupação e que forcemos o Governo a acabar de imediato com toda esta palhaçada (desculpem mas esta do palhaço está na moda) antes que seja tarde, não vá a iniciativa juntar ainda mais Pais e Mães-Natal. Sim porque a “criatividade” de algum desocupado já inventou a figura da Mãe-Natal, como se os “Pais” não fossem suficientes.
Fora com os Pais-Natal e com as árvores de Natal. Comemore-se a quadra à maneira antiga, à volta de um presépio. Pensem nisso, um presépio, por mais simples que seja, só com o S. José e a Virgem Maria, o menino Jesus, o boi e a vaquinha, enfim, os Reis Magos se pretenderem transmitir mais solenidade ao quadro. Reinventem e façam-no mais sofisticado se quiserem. Mas, meus Amigos, o Natal, à séria, o seu espírito, festeja-se com o presépio.
Já agora, e a propósito da quadra, porque não substituir o Bolo-Rei pelo Bolo-Presidente? Portugal é uma República, certo?
Quando ontem me insurgi contra a rebaldaria de como se gastam os dinheiros públicos não podia imaginar que minhas próprias contas estavam à beira do colapso. E de tal modo, que tive que apresentar à família um orçamento rectificativo (ou redistributivo, ou lá o que é).
E não julguem que a situação tem a ver com as compras de Natal. Não, as coisas estavam muito bem controladas e nada fazia prever que houvesse necessidade de alterar fosse o que fosse.
O que veio abalar as minhas finanças foi a notícia do Expresso que me fez saber que a dívida do sector público dos transportes custa 1 400,00 euros a cada português. Dito por outras palavras, cada residente neste belo país deve ao Estado 1 400,00 euros só para pagar os prejuízos dos transportes públicos.
Como nada tenho para vender que constitua um proveito extraordinário que possa fazer face às despesas extraordinárias de que agora tive conhecimento, não tive outro remédio do que elaborar um “rectificativo” orçamental.
O pior – e a acreditar na afirmação da líder do PSD “o grande problema é que não se conhece a verdadeira situação das contas públicas” - é se até ao fim do ano ainda aparecerem outras despesas inesperadas. Aí, não me restará outra alternativa senão apresentar um novo orçamento rectificativo ao rectificativo de agora, tal como faz o Governo. É a vida!
Eu sei que é uma coisa de somenos importância. Não passa, aliás, de mera divergência de números a que, noutras circunstâncias, ninguém certamente ligaria. Só que, neste caso, estamos a falar de uma discordância que tem a ver com o dinheiro dos contribuintes e, por isso mesmo, temos o direito de exigir total rigor e transparência.
Em concreto, refiro-me à distribuição de computadores pelas escolas, nomeadamente do “Magalhães”, mas não só.
Segundo o actual Ministro das Obras Públicas, António Mendonça, a operação custou 120 milhões de euros. O anterior Ministro, Mário Lino, afirmou ter custado 116 milhões e o Presidente da Fundação para as Comunicações Móveis, entidade que gere o programa e-escolas, estima que os gastos terão ficado pelos 112 milhões.
Cento e doze ou cento e vinte milhões, a diferença é insignificante. Uns míseros oito milhões de euros que, seguramente, não nos vão tirar o sono. O que nos preocupa, isso sim, é a falta de rigor como se gere a coisa pública, onde ninguém parece saber ao certo quanto, onde e como se gasta o dinheiro de todos nós. E, nesta matéria, deveríamos ser bem mais exigentes.
Já devem ter lido ou ouvido a história. Ao que a imprensa divulgou, dois polícias franceses - que não estavam de serviço nesse momento (isto é importante) - assaltaram uma lojeca e roubaram uns quantos telemóveis e mais umas coisitas que estavam ali mesmo à mão de semear. Só por isso o zunzum foi enorme.
Achei a notícia curiosa porque se costuma elogiar quem depois de uma jornada longa e dura de trabalho ainda tem disposição e talento para bulir mais umas horas num segundo emprego. Acontece, por exemplo, com os engenheiros que também são professores, com os fiscais das autarquias que fazem uns biscates como canalizadores, com os carteiros que são taxistas ou com os bancários que têm umas “escritas”. Diz-se deles que são uns tipos muito trabalhadores.
Mas a dupla função de polícias/ladrões não combina lá muito bem. Não só não se reconhece a determinação e o esforço de quem tenta fazer pela vida, como – injustiça das injustiças – acham que os pobres coitados só pelo facto de serem polícias não podem ser também ladrões. Nem sequer se atenta ao facto de que os personagens só vestem a pele de ladrões apenas e só porque estão de folga como polícias.
É que, meus amigos, uma coisa é uma coisa e uma outra coisa é uma outra coisa.
Quando há menos de 24 horas aqui escrevi “ … agora, que se sirvam do Parlamento para toda a troca de acusações e insultos sem sentido, é intolerável … “ não podia imaginar a “peixeirada” incrível que desabou na primeira audição da Comissão Parlamentar de Saúde.
Não tarda nada que estejamos ao nível dos Parlamentos da América da Sul e da Ásia em que vale tudo incluindo a agressão física.
Ouçam e façam o vosso próprio juízo.
Palavras para quê?
Já passaram alguns dias mas, ainda assim, não os suficientes para fazer esquecer o que aconteceu. Refiro-me às tristes cenas do debate quinzenal de sexta-feira passada na Assembleia da República.
Sabendo, embora, que aquele tipo de retórica e violência fazem parte da chamada democracia parlamentar, o espectáculo a que se assistiu foi lamentável, chocante mesmo, para quem espera que os políticos que elegemos debatam sobretudo a forma como pretendem resolver os problemas do país.
Que inventem e discutam disparates como a “espionagem política” e as escutas de alegados “crimes políticos” em privado, tudo bem. Agora, que se sirvam do Parlamento para toda a troca de acusações e insultos sem sentido, é intolerável. Seria desejável que se discutissem ideias, que se fizessem alianças, no mínimo que chegassem a consensos, que delineassem políticas capazes de inverter coisas tão banais e tão importantes para os cidadãos como a queda eminente da já débil economia e a escalada imparável do desemprego.
Senhores Governantes e Deputados, pensem um bocadinho que seja naqueles que representam. Nos que votaram em vós e também nos outros. Em todos aqueles que vão assistindo impotentes às discussões sem nexo e à politiquice barata de onde pouco ou nada sai de concreto e de útil para a vida de todos nós.
Perante tudo isto e o número crescente de casos obscuros que vêm a público - os que estão em investigação e os muitos que teimam a aparecer a toda a hora - é cada vez maior o número de portugueses que questiona:
E é para aquilo que pagamos àqueles senhores?
Todos nós sentirmos que a insegurança está a aumentar. Apesar de tudo, ficámos bem mais animados ao saber que a nossa polícia já dispõe de viaturas equipadas com novas tecnologias que permitem detectar carros a circular ilegalmente, nomeadamente no que toca a seguros desactualizados, que têm ordem de apreensão etc.
Mas o mais tranquilizante para o comum dos cidadãos é o facto de sabermos que em breve as polícias vão passar a dispor de agentes que viajarão em ultraleves. De onde poderão ser chamadas a coordenar situações de perseguição a criminosos, em que os agentes no terreno andarão montados em potentes motorizadas de dois lugares.
Embora seja uma boa notícia, não será ainda suficiente. A criminalidade tem aumentado assustadoramente e apesar dos “agentes voadores” a população necessita de mais e melhor protecção.
Mas os tais agentes que viajarão nos ultraleves também têm razões para estar preocupados. Nunca se sabe se vão estar na mira de uns “snipers” de má pontaria que, em vez do tiro aos pombos ou aos pratos, bem podem começar a atirar indiscriminadamente nos polícias, com as suas “potentes” espingardas de pressão de ar.
Há muito que pais e educadores dão um duro danado para meter nas lindas cabecinhas dos nossos educandos que as comemorações de certas datas correspondem a determinados feitos, explicando-lhes o que aconteceu de relevante nesses dias, se possível de uma forma interessante. Tentamos, enfim, enriquecê-los culturalmente.
“Sabes o que foi o 25 de Abril?”
“O que se passou no 5 de Outubro?”
É, afinal, uma obrigação de quem tem a responsabilidade de formar crianças e jovens.
Mas, como se costuma dizer, o óptimo é inimigo do bom. Nada de excessos. O processamento maciço de informação pode produzir um efeito contrário. E hoje, com tantas coisas que nos distraem à nossa volta, é muito mais inteligente fornecermos conhecimentos em doses certas, de forma consistente e procurando não sermos chatos.
Por isso, fico preocupado com o que vou começar a contar sobre o 1 de Dezembro a partir de agora. Até aqui era o dia da Restauração. O momento em que os portugueses, em 1640, decidiram acabar com a dinastia dos Filipes de Espanha para voltarmos a ser independentes e donos do nosso próprio destino.
E daqui para a frente o que é que eu vou dizer? É que para além do dia da Restauração, a partir de agora - 1 de Dezembro de 2009 - começa-se a celebrar o dia do “Tratado de Lisboa”. Tratado europeu esse que, segundo disse há dias António Vitorino, de tão complicado que é ninguém lhe vai mexer nos próximos 10 anos. Pelo menos.
Vamos então ensinar às nossas crianças e adolescentes que no 1º. de Dezembro se comemora a Restauração e o Tratado de Lisboa.
Lá está, com tanta informação junta, temo sinceramente que os nossos jovens venham a reter que o 1º de Dezembro é apenas um dia feriado ou, quando muito, que é o dia do “Porreiro, pá”.
Mais uma vez a solidariedade dos portugueses respondeu presente. E se é verdade que o Banco Alimentar tem conseguido granjear – através da seriedade e transparência da sua acção e do empenhamento de todos os que trabalham por tão nobre causa e nomeadamente os seus voluntários (os da campanha e os de todo o ano) –a confiança dos portugueses também é verdade que esses mesmos portugueses, apesar do clima de profunda crise económica, continuam a aderir à chamada, a favor de quem mais precisa.
A prova disso é que no último fim-de-semana os Bancos Alimentares Contra a Fome angariaram em todo o país 2 498 toneladas de alimentos, mais 30,9% do que o conseguido em Novembro de 2008.
A campanha deste fim-de-semana, cujo lema foi “Dê a melhor parte de si ao Banco Alimentar: a sua solidariedade” foi um êxito. Mais uma vez os pequenos/grandes gestos dados por milhares de pessoas – algumas que se arrastaram até aos supermercados com evidente esforço físico só para contribuírem e tantas outras, também elas a lutarem com muitas dificuldades - conseguiram o “milagre” de dar um pouco mais aos que mais necessitam.
Estamos todos de parabéns.