Sabem como o tema futebol tem sido tão poucas vezes autorizado a entrar neste espaço (apesar de eu gostar muito de futebol). Mas o que aconteceu no passado domingo em Guimarães e em Lisboa, para além do jogo que decidiu o título a favor do clube do meu coração, justifica a excepção. Contemos isto em dois capítulos.
O primeiro, em Guimarães, que se divide em duas partes: um polícia (um oficial, um graduado) que agrediu brutalmente à bastonada um homem de quarenta e poucos anos que se fazia acompanhar de dois filhos de 9 e 13 anos e do pai, um senhor com perto de 70 anos. Uma acção violenta, gratuita e desproporcionada contra um adepto que, segundo as suas palavras, só queria sair do túnel de acesso à rua porque os filhos estavam assustados pelo barulho e movimentação que se verificava no estádio. Pois, sem mais, levou um enxerto de pancada diante dos olhos dos filhos apavorados e do pai, também ele empurrado e agredido, por ter tentado socorrer o filho. Segundo o relatório da polícia, o homem terá faltado ao respeito às forças da ordem e terá cuspido ao polícia. Ainda que isso tivesse acontecido, continuava a não se justificar a violência a que assistimos (graças a uma câmara de televisão que estava no local). Quanto aos miúdos, eles viram o que nenhum miúdo pode ver e não sabemos sequer que sequelas poderão ficar marcadas nas suas cabeças.
Relativamente ao que se passou dentro do estádio provocado por alegados adeptos benfiquistas - destruição de cadeiras e de casas de banho, saque de bares e instalações do clube minhoto - também não há qualquer desculpa e merece uma total reprovação. Aí sim, a polícia deveria ter intervido e dispersado com a força necessária essa turba de vândalos que não são benfiquistas nem são de qualquer outro clube. São apenas, e só, selvagens que deviam ser presos.
O segundo capítulo tem a ver com o que se passou na Praça Marquês de Pombal, em Lisboa. O Benfica tinha assegurado a conquista do Bi-Campeonato de futebol, coisa que já não acontecia há 31 anos. Muitos milhares de pessoas estavam nas ruas, gente que era do SLB (ou não), famílias inteiras a desfrutar o movimento, o entusiasmo, o colorido da alegria natural que os adeptos e simpatizantes de um clube sentem quando conquistam um campeonato, seja ele de que modalidade for, e ainda mais quando se trata de futebol. A festa estava bonita e o exotismo, a criatividade e a exuberância de muitos que por lá andavam faziam de uma noite já de si agradável, a noite perfeita para a festa. Só que ... uns quantos arruaceiros (e também uns quantos polícias que não souberam lidar com as provocações) resolveram estragar o momento. E o pior aconteceu. Pedras e garrafas foram atiradas pelo ar, houve cargas de polícia, insultos e ódios à solta à mistura com muito álcool consumido.
O que deveria ter sido uma noite para lembrar foi uma noite para esquecer. E é urgente que se reflicta sobre o que aconteceu. E, sobretudo, que se tirem as devidas ilações. A polícia tem que garantir a segurança dos cidadãos e os desordeiros têm que ser presos e condenados. O Benfica e os outros clubes merecem certamente que os seus adeptos possam assistir, vibrar, comemorar com os seus feitos (ou nos seus jogos) em paz e absoluta tranquilidade, com a família e os amigos. O que aconteceu no domingo foi uma VERGONHA !!!!