Quando na passada segunda-feira eu escrevia aqui que nem tudo vai bem "no Reino de ... Portugal" e criticava as profundas desigualdades existentes no nosso país, para além de alguns números que constavam no texto já conhecia as conclusões de um estudo levado a cabo pelo Banco Alimentar Contra a Fome e pela Entrajuda. Sabia, por exemplo, que mais de metade dos agregados familiares que recorrem a instituições (muitos deles idosos) têm um rendimento mensal de 400 euros ou menos. E que 20% dos 1.889 utentes de instituições sociais inquiridos afirmaram ter tido falta de alimentos ou sentido fome “alguns dias por semana” nos seis meses anteriores e 13% referiu que tal aconteceu “pelo menos um dia por semana”.
E se é verdade que, relativamente ao estudo anterior, em 2010, se regista um decréscimo do número de pessoas que disse ter passado um dia inteiro sem comer, por falta de dinheiro - portanto, uma ligeira melhoria da percepção das condições de vida - o que fere verdadeiramente é que estes não são, apenas, números de mais um estudo. Este é o espelho de uma realidade que não podemos, enquanto sociedade, continuar a aceitar.
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