segunda-feira, agosto 14, 2006

quinta-feira, agosto 10, 2006

Sorrisos

Quase de partida para férias, e de certo modo, para compensá-los (???) pela minha ausência, pensei em dirigir-vos um amplo e franco sorriso. E mais do que isso, achei que deveria ter como resposta muitos sorrisos vossos (para me compensarem igualmente da vossa ausência), pelo menos tão rasgados como aquele que eu vos envio agora (em pensamento). E um sorriso porquê? Em primeiro lugar porque o sorriso é um sinal de comunicação com um sentido universal que pode expressar alegria, felicidade, afeição, gentileza e amizade, muito embora eu conheça alguns sorrisos que não me inspiram a menor confiança. Mas, também, um sorriso porque, soube-se agora, os sorrisos podem ter efeitos terapêuticos em pessoas depressivas. E eu gostaria muito que problemas desse tipo nunca nos viessem bater à porta. Por isso, SORRIAM.
Segundo a imprensa noticiou esta semana, os sorrisos, sobretudo os femininos, têm efeitos terapêuticos em pessoas depressivas. As conclusões são de um estudo científico inédito, liderado por um investigador português, e efectuado entre 2003 e 2006.

Para a realização deste trabalho observaram-se 160 pessoas em estado de depressão, de ambos os sexos, com idades entre os vinte e cinco e os sessenta anos, tendo-se concluido que os sorrisos "largo" (quando os lábios deixam ver os dentes) e "superior" (que mostra apenas os dentes de cima) são os de maior efeito terapêutico.

De acordo com avaliações trimestrais do estado dos pacientes, verificou-se que, perante a exibição dos tipos de sorriso largo e superior, estes passaram a valorizar mais os pensamentos positivos do que os negativos.

Foram também constatados efeitos terapêuticos do sorriso em função da idade, com o registo de índices de franca melhoria do estado de saúde mental na faixa etária dos 45-60 anos, em comparação com o grupo dos 25-44 anos.

Temos, pois, todos os motivos para sorrir. Atenção, não estou a falar de um esgar ou do “sorriso de Mona Lisa” (o do quadro, não o filme), estou a referir-me mesmo ao SORRISO. Então, vamos SORRIR?
Termino com uma frase que vi algures num calendário antigo, tipo “borda d’água”:

"Não critique, ajude; não grite, converse; não acuse, ampare e... não se irrite, sorria".

quarta-feira, agosto 09, 2006

O que vale uma vida?


Quando na Quarta-Feira, 26 de Julho, escrevi uma introdução para transcrever um texto do Professor Boaventura Sousa Santos, não pretendi tomar uma posição sobre o conflito que se está a desenrolar no Médio Oriente. Não porque queira manter uma certa imparcialidade, mas porque, como dizia na altura, trata-se de “uma guerra que dura há anos, cujos contornos temos alguma dificuldade em avaliar, não sabendo sequer o que se passa, de facto, no terreno e correndo até o risco de misturar religião com política e estados com grupos religiosos. Não temos sequer capacidade para interpretar as notícias que nos chegam a cada segundo. A situação é muito confusa”.

Naturalmente que existem observadores que não hesitam em tomar a defesa de cada uma das partes, por ideologia ou por terem conhecimentos, porventura mais aprofundados do que os meus, das razões que assistem aos diversos beligerantes. Prova disso foram os dois comentários que esse texto reuniu, os dois com sentimentos bem diferentes um do outro.

Mas a minha postura perante o que está a acontecer é a de manter uma expectativa preocupada, atenta e isenta porque a questão é muito mais vasta do que um mero conflito religioso e/ou de soberania. Parece-me ser, fundamentalmente, um conflito que tem por base o mais profundo desrespeito pela vida alheia.

No Expresso do último sábado, na coluna “Choque e Pavor”, Daniel de Oliveira veio ao encontro deste meu sentir, ao dizer:

“Acredito que foi o exército israelita a matar crianças libanesas, porque acha que o valor da vida de um árabe é igual a nada.
Acredito que foi Bin Laden a atirar dois aviões contra as Torres Gémeas, porque acha que o valor da vida de um americano é igual a nada.
Acredito que o Holocaustro existiu porque os nazis achavam que a vida de um judeu era igual a nada.
Sempre houve e haverá loucos na História. Sempre houve e haverá quem não veja a sua loucura”.

E enquanto os loucos não reconhecem a sua loucura e continua esta doidice sem sentido, o rasto de destruição vai-se alastrando e vão aumentando o número de mortos, feridos e desalojados. Por quanto tempo ainda?

terça-feira, agosto 08, 2006

Excessos de velocidade


Confesso que não gostei nem um pouco do novo anúncio que foi lançado na última sexta-feira, integrado numa campanha publicitária organizada em parceria pela Galp Energia e pelo Ministério da Administração Interna, e que visa sensibilizar os automobilistas para a principal causa de mortalidade nas estradas: o excesso de velocidade.

Como com certeza já viram, o anúncio mostra miúdos a entrar para um avião. Já no interior, alguns olham através das janelas. Uma garota parece penetrar o infinito com os olhos vagamente tristes, enquanto o avião inicia a descolagem.

A frase final do anúncio, aliás o seu mote, é “Todos os anos a velocidade nas estradas vitima um avião cheio de crianças”.

Desadequado é capaz de ser um termo que não traduz bem o que o comum dos cidadãos sente, quando vê um anúncio que tenta chamar a atenção para tantos mortos na estrada com um avião que descola.
Para mim, parece-me que o anúncio pretende chamar a atenção, isso sim, para alguma coisa que tem a ver com aviões. Sei lá, talvez a segurança do meio de transporte, talvez os ganhos de tempo de ligação entre dois lugares, quem sabe se os preços praticados por uma companhia aérea? Mas para lembrar que a velocidade mata ... na estrada?

E depois temos a falácia, já de si condenável, que pretende carregar a situação com cores ainda mais negras do que elas são na realidade. Um avião como aquele que a imagem mostra, transporta qualquer coisa como quatrocentas pessoas. O que faz pressupor, seguindo a ideia do anúncio, que todos os anos a lotação daquele avião (quatrocentas crianças) representa o número de vítimas mortais nas estradas portuguesas. E isto é manifestamente um embuste. No ano passado morreram vítimas de acidentes de viação, vinte e sete crianças.

Acho louvável que a Galp Energia, cuja actividade tem uma relação estreita com a circulação automóvel, queira promover e financiar campanhas de prevenção e de segurança rodoviária, mas é necessário que o faça com sensatez, o que parece não ter acontecido neste caso.

Sensatez que parece ter faltado, também, aos criativos da BBDO, a agência autora do anúncio, que não souberam (ou o cliente não deixou, vá lá saber-se) adequar uma acção que deveria ser pedagógica, para dar à luz a um anúncio de profundo mau gosto.

Uma nota final para o outro parceiro da campanha, o MAI, que vai gastar um milhão de euros na compra de espaços publicitários em televisão, imprensa e rádio e que esgota, de uma só vez, toda a verba disponível para este ano, deixando sem qualquer apoio estatal todas as organizações envolvidas na prevenção rodoviária.

Resumindo, esta é uma campanha infeliz. Infeliz por parte do MAI porque há uma deficiente gestão dos dinheiros públicos. Infeliz por parte da Galp que aceitou a forma como a campanha foi delineada. E duplamente infeliz por parte da BBDO, de quem se esperava muito melhor, pela campanha em si e porque esta mesma campanha é a cópia integral de uma outra apresentada no estrangeiro em que o mote era “Todos os anos a malária vitima um avião cheio de crianças”, em que nem sequer se deram ao trabalho de arranjar imagens um pouco diferentes para, pelo menos, disfarçar. Um perfeito plágio e uma enorme falta de ética.

segunda-feira, agosto 07, 2006

E no futuro como será?


“No futuro, as empresas não empregarão pessoas com mais de quarenta anos”. Esta frase proferida pelo “guru da gestão” Charles Handy deixou-me inquieto.

Há quarenta anos atrás, a generalidade das pessoas trabalhava até aos sessenta e cinco, setenta anos. Com excepção dos casos de doença, não se sentia a necessidade de se chegar rapidamente à reforma, pelo que, o fim do caminho chamado produtivo, era normalmente os setenta anos e as empresas estavam estruturadas para manter os seus empregados até então.

Os anos passaram e trouxeram novas metodologias de trabalho e novas tecnologias que permitem às empresas reduzir drasticamente o seu pessoal. A juntar-se a isso, surgiu um novo conceito que fez das pessoas com cinquenta anos ou mais, empregados porventura pouco actualizados e com resistências a essas tecnologias, eventualmente cheios de “vícios e, portanto, empregados não recuperáveis.

Passou-se, pois, a considerar que em vez dos tais sessenta e cinco ou setenta anos, os empregados teriam muito menos valia para a empresa aos cinquenta, cinquenta e cinco anos.

A cumprir-se a abalizada opinião de Charles Handly como será o futuro? E, provavelmente, o futuro muito próximo? Passar-se-á a considerar que a partir dos quarenta anos as pessoas já não serão úteis para produzir?

Logo agora que muitos países estão a impor uma idade de reforma mais tardia?

quinta-feira, agosto 03, 2006

O SIMPLEX


Insistentemente e com toda a convicção, o Primeiro Ministro José Sócrates lembra-nos que a tão (mal)falada burocracia existente nos serviços do Estado vai finalmente acabar e, para isso, está o Governo a lançar um ambicioso projecto - o SIMPLEX - que, nesta primeira fase, contempla nada menos de 333 medidas. Nem mais!
E este pacote é tão ambicioso que inclui até uma medida que visa facilitar a participação de acidentes com aeronaves, o que dá sempre jeito. Melhor é impossível.
Anos e anos a ouvir as queixas sobre o excesso de burocracia que dificultava a vida de toda a gente até que, finalmente, com o Simplex, esse horror vai acabar.
No sítio da net em que é apresentado o Simplex, pergunta-se:
- Será possível modernizar a Administração Pública?
- Facilitar a vida das pessoas?
- Dar às empresas a rapidez de que precisam?
E a resposta é dada de imediato: SIM

Agora sim. A Administração Pública ligou, finalmente, o simplificador. Este é o primeiro passo da modernização, para aumentar a competitividade e o crescimento, para dar um novo impulso a Portugal.

Mas, a desconfiança surge logo de seguida, e o nosso optimismo cai por terra, quando se recebe em casa um ofício da Segurança Social, metade impressa e metade escrita à mão. O que é isto, teria havido engano? Ou será que esta coisa de escrever metade de um ofício à mão, já faz parte do processo de simplificação em curso? Ou será, pelo contrário, que tudo não passa de um acto declarado de incompetência por parte destes serviços do Estado?

Neste ofício, nem tudo foi mau. Pelo menos, o funcionário utilizou uma caneta de tinta preta. Olha se ele se lembrasse de escrever com tinta vermelha?

Caetano Veloso, “Leãozinho”

Após 13 anos de ausência do palco do Centro Cultural de Belém, Caetano Veloso voltou, ontem, a dar um concerto na Praça do Museu do CCB. Ao ar livre, numa noite estrelada mas, infelizmente, onde esteve sempre presente um vento frio e muito forte que se tornou no pior inimigo da plateia completamente cheia e do cantor que lutou sempre com um sorriso condescente, àquela presença fora de programa.

“disseram que o vento amainava quando o Sol se pusesse e ...” comentou a certa altura, no meio de um sorriso e de um encolher de ombros.

Para além desse vento desagradável que não deixou, inclusivé, que o som chegasse em condições aos espectadores que se situavam na parte de trás da improvisada “sala”, para além disso, o que posso dizer é que, passadas umas quantas horas do fim do concerto, continuo a sentir-me envolvido pela música quente e intimista de Caetano.

Desta vez, Caetano e a sua viola, a sós em palco, transportaram-nos numa espécie de viagem ao seu passado musical. Foi tempo para saborear canções eternas. Por ali passaram temas como “Diferentemente”, “Você é linda”, “Menino do Rio”, “A Luz de Tieta”, “Terra”, “Eu sei que vou-te amar”, uma sublime interpretação de “Cucurrucucu Paloma” cantada em falsete, e tantas outras, não esquecendo, naturalmente, uma das suas melhores composições, o “Leãozinho”.

O vento não permitiu que, este, fosse o mais extraordinário dos concertos de Caetano Veloso, mas a plateia rendeu-se completamente, e uma vez mais, ao cantor baiano. Com ele cantou, por ele se agitou e emocionou.

“Gosto muito de te ver, Leãozinho
Caminhando sob o sol
Gosto muito de você, Leãozinho
Para desentristecer, Leãozinho
O meu coração tão só
Basta eu encontrar você no caminho
Um filhote de leão, raio da manhã
Arrastando o meu olhar como um ímã
O meu coração é o sol pai de toda a cor
Quando ele lhe doura a pele ao léu
Gosto de te ver ao sol, Leãozinho
De te ver entrar no mar
Tua pele, tua luz, tua juba
Gosto de ficar ao sol, Leãozinho
De molhar minha juba
De estar perto de você e entrar numa”

terça-feira, agosto 01, 2006

O Homem, esse sexo fraco


Ao que consta, no nosso país e, porventura, para espanto de muitos, nascem mais rapazes do que raparigas mas, por volta dos vinte anos, os rapazes são já uma minoria. Aponta-se como causa principal para este facto, os acidentes com carros e com motas.

Uns anos mais tarde, os homems continuam a “cair como tordos” devido em grande parte, segundo as estatísticas, a trabalharem mais, a comerem e a beberem mais e a quantidades excessivas de stress que lhes provocam problemas de fígado e de coração.

A partir dos sessenta anos, elas já são para aí mais quarenta e cinco mil do que eles e, quando a barreira dos setenta anos é ultrapassada, Portugal é, definitivamente, um país de saias. Sessenta por cento da população é do sexo feminino. Ou seja, em cerca de dez milhões de habitantes, existirão qualquer coisa como seis milhões de mulheres para quatro milhões de homens, se as contas não me falham. Somos, portanto, um país de mulheres onde o sexo dito fraco são, efectivamente, os homens.

Como homem custa-me a aceitar a alegada fraqueza dos meus pares e, sobretudo, as causas que são apontadas para justificar a nossa debilidade.
E custa-me, sobretudo, porque eu tenho uma teoria sobre as verdadeiras causas que estão na base da existência de um quadro tão negro ... para os homens. É só uma teoria mas eu acho que os homens, de uma forma geral, morrem mais cedo e, principalmente, depois da reforma porque não conseguem suportar mais as mulheres. Falo das mulheres legítimas, das suas esposas dedicadas que não param de lhes encher o juízo com todo o tipo de de chatisses, de preocupações e de proibições que os vão degastando e fazendo definhar, muito mais do que os whishies de que tanto gostam ou das comidas que elas os proibem de comer por causa do colesterol ou da diabetes, ou até pelas maleitas próprias da idade.

Afastados dos prazeres da carne (refiro-me, claro, ao prazer de comer um bom bife) e sem paciência para assistir às mentiras e à falta de ética de muitos dos políticos da nossa praça, resta-lhes o quê? Ficarem com o rabo agarrado ao sofá a verem televisão uma boa parte do dia, encontrarem-se com outros “amigos infelizes", seus companheiros, recordar com muita saudade o emprego e os colegas de trabalho e esperar que chegue a hora para irem engrossar as tais estatísticas.

A não ser, a não ser que os homens queiram mesmo contrariar o “status quo” e atirem às malvas tudo aquilo que os incomodam mais as estatísticas, nem que para isso seja necessário arranjar uma outra mulher, de preferência muito mais nova.