Na azáfama consumista do fim-de-semana, em que tentava efectuar as últimas compras de Natal, deparei com imensas pessoas que tinham estampado nos rostos a ansiedade por não saberem o que comprar para oferecer, por um lado e, por outro, o desespero de sentir que a verba previamente estabelecida para as prendas natalícias, já tinha sido largamente ultrapassada. Sem que tivessem, sequer, a possibilidade de efectuar um orçamento rectificativo.
Juro que ouvi várias pessoas perguntarem aos seus acompanhantes coisas do género “O que é que vamos oferecer à tia? ou “A Joana tem tudo, o que é que havemos de lhe dar?”
A verdade é que, há muito, o genuíno espírito de Natal deu lugar à correria louca das compras e à pressão de se conseguir oferecer prendas agradáveis, úteis e baratas, se possível.
Às tantas, porém, o cansaço bateu-me à porta e tive que parar um pouco para descansar e matar a sede e algum vazio que já me ia pelo estômago. Acabado o petisco, havia que voltar rapidamente à correria anterior, a entrar em todas as lojas possíveis, a enfrentar os empurrões inevitáveis e a encarar as fatais hesitações do não-sei-o-que-fazer.
Antes porém, detive-me junto à enorme árvore de natal daquela catedral do consumo e olhei embevecido para o majestoso pai-natal que acenava para as criancinhas para que tirassem uma fotografia com ele.
E aí, fiquei apavorado ao ver pais “empurrar” os seus filhos, que choravam desalmadamente, para os braços do simpático velhinho das barbas brancas. Miúdos que gritavam com medo, que se agarravam com desespero às calças das mães ou dos pais e que manifestavam claramente que não queriam aproximar-se daquele “monstro” que tocava uma sineta esquisita e que dizia, com voz de trovão, “Oh! Oh! Oh!”.
Nessa altura, não pude deixar de recordar os versos da Balada da Neve, de Augusto Gil
“Mas as crianças, Senhor, porque lhes dais tanta dor?!... Porque padecem assim?!...”
Juro que ouvi várias pessoas perguntarem aos seus acompanhantes coisas do género “O que é que vamos oferecer à tia? ou “A Joana tem tudo, o que é que havemos de lhe dar?”
A verdade é que, há muito, o genuíno espírito de Natal deu lugar à correria louca das compras e à pressão de se conseguir oferecer prendas agradáveis, úteis e baratas, se possível.
Às tantas, porém, o cansaço bateu-me à porta e tive que parar um pouco para descansar e matar a sede e algum vazio que já me ia pelo estômago. Acabado o petisco, havia que voltar rapidamente à correria anterior, a entrar em todas as lojas possíveis, a enfrentar os empurrões inevitáveis e a encarar as fatais hesitações do não-sei-o-que-fazer.
Antes porém, detive-me junto à enorme árvore de natal daquela catedral do consumo e olhei embevecido para o majestoso pai-natal que acenava para as criancinhas para que tirassem uma fotografia com ele.
E aí, fiquei apavorado ao ver pais “empurrar” os seus filhos, que choravam desalmadamente, para os braços do simpático velhinho das barbas brancas. Miúdos que gritavam com medo, que se agarravam com desespero às calças das mães ou dos pais e que manifestavam claramente que não queriam aproximar-se daquele “monstro” que tocava uma sineta esquisita e que dizia, com voz de trovão, “Oh! Oh! Oh!”.
Nessa altura, não pude deixar de recordar os versos da Balada da Neve, de Augusto Gil
“Mas as crianças, Senhor, porque lhes dais tanta dor?!... Porque padecem assim?!...”
1 comentário:
De facto esta época do ano é muito cansativa e muito desgastante para a carteira...Devo confessar, que de há muitos anos para cá, rezo a todos os santinhos para que estes dias passem a correr e que venha depresa o novo ano. Realmente custa-me ver o cinismo das pessoas nesta altura do ano. As pessoas transformam-se por completo, ficam tão alegres, tão prestáveis, tão simpáticas, tão benevolentes...O mais engraçado é quando passam estes dias e as pessoas voltam a revelar a sua verdadeira identidade, ou seja, voltam a tratar-se mal umas às outras...Lol. Sim, o Natal é para as crianças e essas durante todo o ano tratam as pessoas de igual forma, ou seja, quando gostam de alguém demonstram e fazem questão de demosntrar e quando não gostam, bem, aí é melhor fugir...Mas são sinceras e honestas e não tratam bem as pessoas só nesta quadra. Quem me dera ainda viver no mundo da fantasia das crianças e nunca ter de crescer...
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