Quem não se recorda dos anos da euforia das lojas dos 300 e dos restaurantes chineses de comida exótica que foi novidade para época? Passada essa fase dos pequenos negócios familiares, os chineses em Portugal estão cada vez mais pujantes, com lojas que ocupam tudo o que é sítio e nem sempre nos melhores lugares. Ainda não há muito, fiquei chocado por ver na baixa de Portalegre - num edifício de traça antiga, em pedra, uma casa tradicional certamente brasonada e com história - um armazém chinoca com bandeirinhas e balões vermelhos à porta e toda uma espécie de artigos para venda a esparramar-se no exterior pela calçada. Não sei como a autarquia permitiu uma coisa dessas, embora adivinhe.
Pé ante pé, e depois do comércio tradicional, a presença do gigante asiático, está a alastrar no nosso país, por várias razões mas, sobretudo, porque Portugal é uma excelente porta de entrada na Europa, que eles também querem conquistar.
Por cá, já dominaram as privatizações (o nosso Governo está mais interessado no dinheiro do que no perfil dos investidores) e com dois nomes de peso, a China Three Gorges e State Grid, colossos estatais chineses que protagonizaram grandes investimentos de capital na EDP e na REN. Depois veio a armada financeira, os bancos ICBC e o Bank of China e, mais recentemente, o fundo Fosun comprou os seguros da Caixa Geral de Depósitos. Paralelamente vão comprando casas bem localizadas e, ávidos de luxo, percorrem a Avenida da Liberdade e os centros comerciais em busca de marcas conceituadas e caras.
Acredita-se que o número de chineses em Portugal possa chegar aos 20 mil cidadãos e o seu peso económico é já significativo. O "império" vai-se instalando a pouco e pouco. Pacientemente.
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