Esta última semana não se ouviu falar de outra coisa que não fosse o mau tempo que tem assolado o país. Do que tem estado e do que nos vai afectar nos próximos dias. Também se falou, e muito, das praxes universitárias e dos quadros do Miró que o Governo teima em vender e que a oposição insiste em que fiquem por cá. Quanto a este último tema, que ainda vai fazer correr muita tinta, fiquei com a ideia de que, afinal, quem vivia acima das possibilidades eram o Oliveira e Costa e o BPN que compraram aquela colecção do pintor. Mas isso são contas de outro rosário ...
Também se falou muito nesta última semana, e com grande excitação, no sorteio que dá pelo nome de "Factura da Sorte". Sobretudo por parte do Governo que julga ter encontrado a forma de acabar com a fuga aos impostos. Já aqui manifestei a minha opinião sobre essa esperteza saloia de pôr os contribuintes a fazer conta que são fiscais do Fisco. É a maneira mais fácil, eu sei, mas não concordo com isso e acho mesmo que o Estado fica mal na fotografia.
Mas o que hoje quero salientar nesta medida do Governo que alicia os cidadãos a pedir facturas, nem que seja de 1 cêntimo, é que o prémio é um valente automóvel de gama média/alta. E aqui o meu desacordo não podia ser maior. Se querem mesmo "dar" uns popós (porque deve haver outras razões para além da caça à economia paralela) então, em vez de um carrão, por que não sorteiam dois ou três carros mais baratos? Por um lado, mais contribuintes seriam premiados e, por outro, a manter-se o esquema previsto, estou a imaginar que o sortudo que vai receber um BMW ou outro do género, vai arranhar-se todo a pensar como vai pagar seguros, selo do carro e revisões que são, obviamente, muito mais caros.
Porém, só a ideia do Estado promover tais sorteios já me deixa arrepiado. É como que uma versão moderna do Major Valentim Loureiro a dar electrodomésticos para as pessoas votarem nele. Se pretendem mesmo que os contribuintes peçam facturas para que a receita fiscal cresça, não seria mais avisado que o valor do IVA das facturas fosse dedutível no IRS?
E depois, não acredito que, passada a euforia dos concursos fiscais, os portugueses continuem a pedir facturazinhas por dá cá aquela palha.
Mas quanto ao anunciado concurso, acho muito curioso que o mesmo Governo que condenou o povo por excesso de consumo - de viver acima das suas possibilidades, lembram-se? - venha agora sortear carros de luxo. É a suprema ironia, não acham?
1 comentário:
Pois não podia estar mais de acordo com o amigo Mário.
Quando todas as pequenas e medias empresas fecharem....Já terão pouco onde pedir facturas e onde cobrar impostos excessivos...aí sim.....terão que oferecer qualquer coisa a quem abrir qualquer buteque e arranjar um posto de trabalho.
Os grandes....esses estão sempre escudados e não será com esses que o estado poderá contar!!!!!!Pobre país!!!!!!!!!!!que tais filhos tem!!!!!!!!
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