Uma graciosa peça da Fábrica de Porcelana da Vista Alegre (fundada em 1824) transportou-me a uma realidade na qual nunca tinha pensado. Julgava eu que a bonita caixinha que se vê na fotografia serviria como guarda-jóias ou qualquer coisa do género mas, olhando para as inscrições nela constantes, percebi que era uma "reprodução da decoração de uma embalagem de pasta dentífrica", algures por volta de 1880. Curioso! Tanto mais que sempre conheci as comuns "pastas de dentes" em formato de bisnaga.
E a verdade, segundo a wikipédia, é que "o dentífrico, gel dental, creme dental ou pasta de dente", teve uma evolução tremenda ao longo dos tempos. A mais antiga referência conhecida a um creme dental consta num manuscrito egípcio, do século IV a.C., que mais não era que uma mistura de sal de cozinha, pimenta, folhas de menta e flores de íris. Desde então, as fórmulas foram-se sucedendo até à composição e sabores que hoje conhecemos. Aliás, e já que referimos que várias fórmulas foram utilizadas, será bom acrescentar que elas foram muitas, variadas e algumas quase inacreditáveis. Por exemplo, houve composições que tinham por base a urina e outras ingredientes como o giz, o tijolo pulverizado e o sal. Muitas que faziam mais mal do que bem.
E, hoje, embora todas as marcas usem os tubos (ou embalagens) flexíveis, uma época houve em que era normal o uso de um creme dental - vendido precisamente em caixinhas do género daquela a que hoje fazemos alusão. O creme dental foi criado pelo dentista americano Washington Wentworth Sheffield, que em 1850 desenvolveu um pó para limpar os dentes que se tornou muito popular entre seus pacientes, mas que só teve realmente sucesso quando foi colocado em tubos de folha-de-flandres.
Para além da curiosidade, ficamos com a constatação de que a caixa da Vista Alegre é, de facto, uma gracinha. Não acham?
Sem comentários:
Enviar um comentário