A crise tem servido para justificar tudo, as muitas dificuldades mas também as enormes incompetências. E eu, na minha boa-fé (que já começa a ser burrice), pensava que quem governa tem que (pelo menos) procurar alternativas para ultrapassar os obstáculos. Tentar de uma forma inteligente, isto é, pôr em prática estratégias adequadas e mais os planos A ou B, ou o abecedário todo. Mas parece que não é bem assim.
Pelo que li, o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, um senhor que eu não conhecia e que dá pelo nome de Alexandre Miguel Mestre, disse, em São Paulo, que “o jovem português desempregado em vez de ficar na "zona de conforto" deve emigrar”. E disse mais “o país não pode olhar a emigração apenas com a visão negativista da fuga de cérebros. Se o jovem optar por permanecer no país que escolheu para emigrar, poderá dignificar o nome de Portugal e levar know-how daquilo que Portugal sabe fazer bem".
Pois foi, fiquei boquiaberto. Então, em vez do governo aliciar os jovens para saírem para o exterior, não era a sua obrigação tentar a todo custo promover mais trabalho no nosso país? Não deveria aproveitar ao máximo todo o conhecimento que os jovens adquiriram em Portugal e que foi pago, na maior parte dos casos, com o dinheiro dos contribuintes? E depois, sair para onde, se a taxa de desemprego lá por fora também já é alta? E, já agora, que raio de “zona de conforto” é que os jovens desempregados têm? Estaria o senhor secretário de Estado a pensar no subsídio de desemprego que dura enquanto dura?
Compreendo que por falta de alternativas muitos jovens (e não só) tentem a sua sorte no Estrangeiro, mas ouvir um membro do governo apelar para que se vão embora, parece-me completamente descabido. Fez-me lembrar a velha frase “se o povo não está satisfeito com o governo, então que se mude o povo”.
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