Sabendo, embora, que muitas das expressões que empregamos no nosso quotidiano são incorrectas ou inexistentes o facto é que continuamos a usá-las.
Como foi o caso de, nos tempos em que aprendi francês, sempre que deveria perguntar “moi?” ter-me habituado (na tentativa de ser espirituoso) a dizer “je?”. Até que na prova oral do exame do último ano do secundário, ter caído no mesmo erro (desta feita não quis ser engraçado) e respondi exactamente da mesma forma – “je?”. Perante o espanto do examinador, ainda por cima um francês de gema, consegui dizer-lhe, no melhor francês que sabia, que a minha resposta tinha sido uma “blague” e tudo acabou da melhor maneira. Para quem, perguntam? – a “je”, respondo!
Foi também o que aconteceu aquando de uma série televisiva dos tempos famosos do Herman, em que uma das personagens – interpretada por Lídia Franco - uma suposta condessa, afirmava sistematicamente “não me chame condensa que me põe tensa”. Então não é que, toda a minha gente apanhou o ar nasalado da Lídia Franco, que tinha uma graça incrível, e começou-se a dizer o condensa, como se fosse um bordão?
Já o OK entrou na nossa linguagem corrente provavelmente por via dos filmes norte-americanos. A partir de certa altura a utilização daquele termo tornou-se tão vulgar que quase não havia uma frase que se prezasse que não incorporasse o OK como elemento, sem o qual a frase não teria sentido. Pelo menos o sentido devido. Mas nós portugueses, quero dizer, alguns de nós, achámos que deveríamos aportuguesar o termo e, quer nas interrogações quer nas afirmações, começámos a utilizar não o conhecido OK, mas a versão lusitana de “óqueijo”. “Então, as coisas estão todas em ordem?”. “Tudo em cima, está tudo “óqueijo”.
Embora conscientes dos erros que vamos dizendo – sim porque este tipo de asneiras só muito raramente as cometemos na escrita – de vez em quanto lá saem. Fruto de alguma história que conhecemos, por que lhes achamos piada ou, simplesmente, por que sim.
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