O artigo publicado em “A Lanterna”, em 17 de Dezembro de 1870 – há quase 142 anos – bem poderia aplicar-se ao momento actual. Nada mudou!…
Dizia o seguinte:
“O governo português anda mendigando em Londres um novo empréstimo. Os nossos charlatães financeiros não sabem senão estes dois métodos de governo: empréstimos e impostos.
Por um lado, o governo mandou para as cortes uma carregação de propostas tendentes todas a aumentar de tributos; por outro lado, o governo vai negociar um empréstimo no estrangeiro.
É dinheiro emprestado e dinheiro espoliado. Pede-se primeiro aos agiotas para pagar às camarilhas; depois tira-se ao povo para pagar aos agiotas!
E ao passo que se trata de um empréstimo em Londres, negoceia-se outro empréstimo com os bancos nacionais. Este tem carácter de dívida flutuante (*) interna e é para pagamento da dívida consolidada (**) externa!
Este empréstimo que nos está às costas para pagamento no fim de três meses, sai na razão de 13/2%! E no fim não é dinheiro aplicado a nenhum melhoramento público; é só dinheiro para pagar juros da dívida! É a dívida a endividar-nos cada vez mais! É a dívida a crescer para pagar as sinecuras do estado! É a dívida a multiplicar-se para não faltarem à corte banquetes, festas, caçadas, folias!
Esta situação é terrível e tanto mais que ela exige para se não agravar, de sacrifícios com que o país não pode e que de mais não deve fazer, quando eles são penas destinados às extravagâncias da corte e ao devorismo do poder, no qual se inscreve agora o novo subsídio aos pais da pátria!
(*) dívida pública a curto prazo
(**) dívida pública sem prazo de reembolso”
Lá está, o problema da nossa dívida não é ser interna ou externa…é ser ETERNA!
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