São constantes os lamentos sobre a falta de investidores. Necessitamos, como pão para a boca, que mais gente crie empresas, postos de trabalho e que gerem riqueza. Não menos frequentes são as acusações à imensa burocracia que tudo emperra (ouvi há dias que para se conseguir um licenciamento para se fazer o tratamento de pasta de papel é preciso obter 115 licenças), à justiça demasiado lenta e à falta de estímulos fiscais. Para já não falar na corrupção.
Porém, mesmo com tantos inconvenientes, às vezes aparecem seres vindos de outras galáxias que ousam contrariar esta tendência. Li, há semanas, uma entrevista com o empresário francês Roger Zannier que há duas décadas decidiu comprar uma quinta no Douro para produzir vinho. Mal sabia este senhor o que aguardava e ao seu investimento de dez milhões de euros. Perante um conjunto de dificuldades que se levantaram para levar por diante o seu projecto o que é que ele fez? Desistiu? Não, não desistiu, pelo contrário, ganhou novas forças e continuou a sonhar.
Às tantas, nessa entrevista, Zannier desabafava:
“… Em termos de burocracia, eu pedi as autorizações para plantar a vinha e dois anos depois ainda não tinha tido qualquer resposta. Pedi então uma reunião com o responsável máximo da entidade que deveria analisar o pedido, que convocou a pessoa que me deveria ter respondido. E para minha grande surpresa, a razão que me deram para não ter resposta durante todo este tempo foi a de que não tinham tinteiro para colocar na impressora e imprimir a resposta. Eu disse: se for esse o problema, eu vou comprar o tinteiro. (…) Bom...acho que ele não foi comprar os tinteiros porque dois meses depois eu continuava sem qualquer tipo de resposta…”
E depois venham queixar-se que não há quem queira investir.
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