A pergunta é pertinente mas a resposta não é nada fácil. Porque continuamos a não consumir Cultura? É um facto que as verbas para a cultura são cada vez mais reduzidas e, por isso, quem cria tem cada vez menos possibilidades para fazer arte, mas também é verdade que os portugueses consomem muito pouca cultura. Vão pouco ao cinema e ao teatro, muito pouco aos museus e lêem quase nada. Porquê, é a grande questão. Por falta de educação ou por falta de dinheiro?
Costuma-se dizer que primeiro temos que pôr a comida na mesa e só depois se pode pensar em alimentar o espírito. Mas pode não ser bem assim. As duas "necessidades" são fundamentais para a vida e, às vezes, é uma questão de gestão dos orçamentos. Coisa que, para as famílias, vai sendo cada vez mais difícil.
Mas números são números e segundo o relatório do Eurobarómetro, os portugueses são dos cidadãos da União Europeia, ao lado de países como a Roménia ou a Bulgária, com menores taxas de participação em actividades culturais. Só 6% dos inquiridos, em Portugal, tem uma actividade cultural frequente enquanto que, por exemplo, na Suécia (43%), Dinamarca (36%) e Países Baixos (34%) os cidadãos são muito mais participativos. Mesmo os espanhóis têm uma taxa de 19%.
Mas, por outro lado, vemos e ouvimos muita televisão - é cómodo, entra pela casa adentro e podemos ver filmes e séries à-vontade. Temos muitos iPads, iPhones, Tablets e Facebook que já nos distraem bastante. Para quê gastar mais em cultura se temos tanto entretenimento à mão?
Portanto, a crise económica pode explicar grande parte dos números (embora haja uma muitos eventos culturais gratuitos, há sítios na internet que os anunciam) mas tenho a convicção que é também uma questão de educação. Desde há muito que nos habituaram ao que é mais imediato. Para quê esperar pelo final de um livro que leva tanto tempo a ler? O que nos leva à falta de estímulo no ensino cultural nas escolas. Coisa que a sociedade em geral não tem considerado um bem essencial mas que, na verdade, é um importante investimento.
E o desinvestimento na educação e na cultura verificado nestes três últimos anos estão a destruir o muito que foi feito em tempos não muito longínquos. É preocupante, é uma vergonha e vamos pagar caro por isso.
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