Na passada quinta-feira, no andar nobre da Assembleia da República, foi inaugurada uma exposição, sob o título "100 anos de presidência", onde se mostra os bustos de todos os Presidentes republicanos, da autoria de Joaquim Esteves, um artesão de Barcelos.
Arte é arte mas há coisas que não caem bem a toda a gente. Os partidos da esquerda contestaram de imediato que os bustos de António Óscar Carmona, Craveiro Lopes e Américo Tomás, presidentes não eleitos do tempo da ditadura fizessem parte dessa exposição. Contestação e requerimento que não passaram na Assembleia da República.
Percebo que politicamente seja difícil aceitar que presidentes eleitos de forma fraudulenta se juntem na mesma galeria aos que foram eleitos democraticamente. Custa-me, porém, a aceitar que se reúna um Plenário de 230 deputados especificamente para debater durante dois dias este assunto. Parece-me caricato e uma perda de tempo. A ser aceite a vontade do PC e do BE teríamos, então, uma exposição de "40 anos de presidência". É que, quer se goste ou não, a verdade é que tivemos aqueles presidentes e a História não deve omitir factos e acontecimentos que se passaram, mesmo os mais negativos. Esses devem até ser lembrados, como exemplo a não repetir no futuro.
Não visitei, ainda, a exposição mas admito, como já ouvi algures, que possa haver uma falta de "rigor histórico". Talvez por isso tenham surgido algumas ilações precipitadas e desajustadas. Se assim for, e porque a exposição vai estar patente vários meses no Parlamento, sendo objecto de visitas de estudo por parte de muitas escolas, o que será necessário é que se proceda a um enquadramento adequado. Sugere-se, apenas, bom senso e que se faça a devida contextualização do que aqueles presidentes representaram para Portugal. Nada mais.
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