terça-feira, junho 06, 2006

Belos Negócios …


Em tempos, tive um colega de imaginação fértil e que andava permanentemente sem cheta. As dívidas sucediam-se e nos dias de pagamento de ordenado (que ainda não era creditado na conta), choviam os credores à porta do emprego, de tal forma que, na maioria dos meses, ele arranjava uma boa desculpa só para não aparecer no escritório nem nesse dia de pagamento nem no dia seguinte.
O Baptista concebia muitos esquemas para tentar “fintar” aqueles a quem devia e esquemas cada vez mais sofisticados.
Um dia descobrimos-lhe uma nova (na época) artimanha. Começou a comprar coisas diversas, nomeadamente, electrodomésticos, com cartão de crédito e a vender esses mesmos produtos, logo de seguida, em dinheiro vivo mas, já se vê, muito mais baratos do que lhe tinham custado. Deste modo conseguia o dinheiro para ir pagando aqui e ali. Quando chegava o extracto da sua conta de crédito que o obrigava a um pagamento, bem, aí ele já tinha arquitectado qualquer outra fórmula para liquidar esse compromisso mensal. E, com a rotação de dinheiros graças a estes bons negócios, lá ia vivendo.

Pois nesta última semana soube-se de uma história que me fez lembrar o meu colega Baptista.
E a história tem a ver com a compra, no tempo de António Guterres, de doze F-16. Estes aviões, na época, foram considerados essenciais para a Força Aérea porque eram aviões de combate muito sofisticados e faziam imensa falta para a guerra que travávamos … não sei bem onde.
Passados seis ou sete anos, só quatro dos aparelhos foram postos a voar, enquanto que os restantes (oito aviões, para quem tenha dificuldade em fazer contas) se mantêm encaixotados, tal como vieram.
Afinal, e porque parece que os aviões não eram assim tão essenciais como isso, o actual governo propõe-se, agora, vendê-los por metade, ou um terço, ou ainda menos do valor de compra.
Mais um exemplo de como se gastam mal os dinheiros públicos. Mas a dúvida subsiste, este bom negócio de milhões fez-se “apenas” porque houve incompetência ou será que o negócio se realizou porque alguém se “abotoou” com a “massa das comissões”?

1 comentário:

Anónimo disse...

Será que é o Baptista quem tem estado realmente à frente dos últimos governos? Sempre que apareciam os credores, inventavam um truque qualquer e punham-se a caminho de Bruxelas.