Há coisas que parecem muito difíceis de explicar. Mas não são. Complexas na aparência mas, na verdade, são tão simples, qual ovo de colombo, que até faz impressão nós não conseguirmos enxergar o que está mesmo ali diante dos nossos olhos.
Foi o que aconteceu com aquilo a que chamo o Mistério do Marquês, do Marquês de Pombal, entenda-se. Para mim, como para muitos outros, certamente, o Marquês de Pombal foi sempre aquela lindíssima praça do centro de Lisboa para onde todos os olhares convergem. Vista de cima, do Parque Eduardo VII, a praça tem uma vista maravilhosa sobre a Avenida da Liberdade e sobre o Tejo que abraça a cidade. Vista do lado da Avenida, ficamos extasiados com a praça em cujas costas se espraia todo o verdejante Parque Eduardo VII (que já teve melhores dias) e a esvoaçante bandeira do Santana Lopes.
Mas, independentemente da Praça, o Marquês de Pombal, sobretudo para aqueles que já têm mais alguns aninhos, era aquele nome pomposo que nós, na escola, aprendíamos a dizer em tom de cantoria: Sebastião José de Carvalho e Melo, Conde de Oeiras e, mais tarde, Marquês de Pombal.
Para além da praça, da sua beleza e do nome que lhe deu nome, havia em mim, no entanto, qualquer coisa que eu não conseguia entender: Porque é que os títulos nacionais de futebol, conquistados pelas equipas de Lisboa eram comemorados precisamente no Marquês? Porque é que as grandes vitórias da selecção nacional de futebol eram festejadas com pompa e circustância no Marquês e com tanto entusiasmo, que os respectivos adeptos sempre fazem questão de galgar estátua acima, para colocar lá no topo um bocado de pano com as cores dos seus clubes ou da selecção? Mistério! Pelo menos, até ontem.
Quando em minha casa, glorificávamos a magnífica vitória sobe a Holanda e a passagem às meias-finais do Mundial, entre amendoins, tostas com patê de atum e um camembert delicioso, bem regados, já se vê, com algumas bejecas estupidamente geladas, veio-me à ideia como um raio fulminante, porque é que o ponto de encontro de todos os adeptos ganhadores era precisamente ali no Marquês.
Estava-se mesmo a ver. Não sei mesmo porque é que nunca me ocorreu isso antes, mas é tão simples como isto: o Marquês de Pombal era o primeiro ministro do Rei D. José e foi ele, com a sua grande perspicácia e inteligência que imaginou o futebol, tal como hoje se conhece. E descobriu-o, calculem, um século antes dos ingleses jurarem a pés juntos que inventaram o futebol. Mentira pura desses ingleses. O verdadeiro génio, o verdadeiro “inventor” do proclamado desporto-rei foi, nada mais nada menos, que o nosso Sebastião José de Carvalho e Melo. Daí que todas aquelas manifestações desportivas (de futebol, claro, porque ainda não se sabe se as outras modalidades são desportivas ou não) vão desembocar no Marquês de Pombal, não apenas pelos grandes feitos alcançados pelas respectivas equipas, mas por pura e sentida homenagem àquele que verdadeiramente teve a visão para inventar um jogo que, dali a uns séculos, e por todo o mundo, haveria de dar cabo da cabeça e dos corações de muitos milhares de pessoas.
3 comentários:
Reza a lenda que, certa manhã nublada de Setembro (curiosamente, quando a época futebolística está em fase inicial), um raio de sol, fazendo foco sobre o Marquês, acompanha a sua entrada triunfal na cidade de Lisboa - ainda semi-destruida por um violento abalo sísmico - montado no seu leão e carregando nos braços uma bola de trapos (da Nike, já nessa altura feita por criancinhas do paquistão).
Ora, isto tudo aconteceu muito antes da data oficial da fundação do mais antigo clube de futebol hoje conhecido - originário da "pátria" da modalidade - o Notts County, em 1800 e qualquer coisa.
Posto isto só falta mesmo arranjar uma razão plausível para a Avenida dos Aliados, no Porto.
Depois, penso estar em condições de dissertar sobre esses fenómenos relativamente recentes chamados "Emplastro" e "Barbas".
Há tanto para explicar no complexo mundo da bola.
Porque se trata de uma lenda, provavelmente a coisa não foi bem assim e há que dar algum desconto. A única “verdade” no meio disso tudo é que, efectivamente, havia uma bola da Nike, mas, atenção, ela não foi feita por miúdos do Pakistão mas sim da Índia. A confusão deve-se, quase de certeza, à disputa antiga entre os dois países pela região de Caxemira. Mas não é daí que vem mal ao mundo. Daí, quero dizer, pelo facto da exploração do trabalho infantil ser num país ou no noutro. Como sabemos essa exploração existe em qualquer deles.
Estou curioso em conhecer a dissertação do “Porcos no Espaço” sobre as concentrações desportivas na Avenida dos Aliados e sobre o “emplastro” que aparece em todas as reportagens televisivas.
Já quanto ao “Barbas”, aí alto e para o baile. Para além do aspecto, digamos, muito descuidado do senhor, mas que já constitui a sua imagem de marca, o que parece importante salientar é que ele é um “ganda” benfiquista e no restaurante dele, na Costa da Caparica, até se come bem.
Mau, afinal há ou não há outras modalidades desportivas para além do futebol. Então qual é a modalidade praticada pela Vanessa Fernandes que acabou de conquistar o terceiro título europeu consecutivo de … ? Ou não existe nenhuma Vanessa Fernandes?
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