quarta-feira, junho 21, 2006

Renovação


Li, há tempos, num blogue da concorrência, um texto que criticava a falta de renovação das personalidades na nossa vida pública. Ao fim e ao cabo, o autor censurava asperamente a eternização das pessoas em certas posições, de tal forma, que não há quem lhes consiga tirar o lugar.

O articulista referia concretamente os casos de Carvalho da Silva e de João Proença nas centrais sindicais, o de Arménio Santos como Secretário Geral dos Trabalhadores Social-Democratas, o de Paulo Sucena como representante dos professores, os de Jorge Miranda, Vital Moreira e Gomes Canotilho como especialistas em direito constitucional, os de Fernando Seara, Dias Ferreira e Guilherme de Aguiar como comentadores de futebol e muitos dos actuais apresentadores e analistas das nossas televisões. Chegava até ao ponto de referir, depreciativamente, o Luís Figo como “o eterno Figo”.
Por isso, e na opinião do colega bloguista, professores de economia, cientistas políticos, analistas sociais, jornalistas e comentadores do que quer que seja, deveriam dar lugar de imediato aos mais novos, para que houvesse lugar à desejável renovação.

Com o devido respeito, penso que a pretendida revolução, a realizar-se, seria um pouco drástica. Mais uma vez afirmo que é perigoso generalizar-se e não é pela presença constante na vida do país de determinadas pessoas, ao longo de anos e anos, que devemos afastá-las. Quanto a mim, seria, de facto, muito bom para o país e para os portugueses, que se apeassem imediatamente algumas das figuras que representam certas associações ou actividades. Mas, por estarem lá há muitos anos e por terem uma certa idade? Claramente que não. Deveríamos afastá-las, sim, porque não são competentes, porque nunca criaram qualquer empatia com os cidadãos, porque não têm carisma e porque não representam a mais valia que Portugal tanto necessita.

Jorge Miranda continua a ser um especialista (talvez o melhor) em direito constitucional, Luís Figo, apesar dos anos, continua a ser um óptimo jogador e estratega, Mário Crespo e Judite de Sousa continuam a ser uns belíssimos e credíveis jornalistas, Miguel Cadilhe continua a pertencer à nata dos economistas.

Então em que é que ficamos, é ou não necessária a renovação? Claro que é necessária e de forma continuada. O país necessita urgentemente de novos valores que se imponham pela sua competência. Mas isso não significa que “deitemos fora” outros competentes, só porque eles continuam a ser competentes há muitos anos. É, quanto a mim, apenas e só, uma questão de inteligência e bom senso.

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