terça-feira, outubro 20, 2009

Triste sina


Há dias vi um artigo que dizia que o número de portugueses que emigrava era infinitamente maior do que os estrangeiros que pediam acolhimento no nosso país.


No Expresso do último sábado foi publicada uma notícia que referia que mais de 100 licenciados deixam o país todos os meses. Falta de saídas profissionais, trabalho mal remunerado ou mesmo não remunerado fazem emigrar centenas de jovens licenciados para outros países onde vão encontrar o conforto de um salário superior ao que poderiam encontrar por cá e um reconhecimento que no seu país também não encontrariam.


E a fuga de jovens qualificados, de todas as áreas, é cada vez maior. Segundo o Banco Mundial, Portugal é o terceiro país da OCDE mais afectado pela debandada, apenas atrás da Irlanda e da Nova Zelândia. Da Irlanda que está ainda pior do que nós e para onde, curiosamente, o nosso país tanto “exporta” estes jovens talentos.


Quanto aos que não querem ou não podem “dar o salto” vão tentando sobreviver com empregos precários em call centers, balcões de cafés ou pastelarias ou, para os mais sortudos, com a ajuda familiar.


Eu sei que não existem lugares que cheguem para todos. Mas será que, quando tanto se fala em melhorar o crescimento económico e em mais e melhor educação, nos podemos dar ao luxo de desprezar uma mais-valia desta importância? Tanto mais que apenas 9,6 por cento dos portugueses têm habilitação superior, um dos valores mais baixos da OCDE.


Pois é, não só temos muito poucos licenciados como nem sequer a estes conseguimos dar-lhes trabalho capaz. Por outras palavras, desprezamos o investimento que é feito e vamo-nos preparando para ver partir os nossos jovens. Triste sina esta.




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