À minha crónica de ontem reagiram alguns Amigos que, embora não tivessem utilizado o blogue para o efeito, me fizeram chegar e-mails onde expressavam a sua indignação sobre os prémios que foram atribuídos à selecção portuguesa de futebol. Houve até quem dissesse (glosando a forma como eu tinha terminado o texto desse post) que o “rosto” do Mundial não tinha sido o tal polvo mas sim os rostos incrédulos dos contribuintes portugueses perante o despautério de tamanhos gastos.
E na realidade, ao sabermos (pelo menos os números que quiseram que nós soubéssemos) quanto custou a nossa participação na África do Sul, só podemos ficar perplexos perante o prejuízo suportado por um país que está a ser fustigado por fortes dificuldades económicas e sociais.
Os responsáveis da Federação Portuguesa de Futebol e próprio Governo bem podem aduzir uma dúzia de argumentos, nomeadamente que a representatividade do país, qualquer que ela seja, é considerada sempre um custo muito embora, às vezes, se torne num investimento.
Podemos até aceitar essa tese mas o que já é mais difícil de “engolir” é que se tenha gasto tanto dinheiro numa equipa que se conseguiu classificar com extrema dificuldade para a fase final do Mundial e, aí chegada, só tenha alcançado os oitavos-de-final com uma performance demasiado modesta que se traduziu numa vitória, dois empates e uma derrota. Foi muita minhoca para tão escassa pescaria.
É que, vendo bem, a Federação Portuguesa de Futebol gastou nestes últimos dois meses cerca de 4 milhões de euros só para a preparação da equipa para o campeonato e vai pagar agora mais de 3 milhões de euros em prémios à equipa técnica e aos jogadores. Até àqueles – como Nani – que abandonaram a África do Sul antes mesmo do Mundial ter começado. Só ao treinador Carlos Queiroz estão destinados 720 mil euros. Prémios cuja lógica ninguém entende.
Convenhamos que é muito dinheiro gasto para tão pouco proveito. O prejuízo da Federação cifra-se em um milhão de euros. E se ao saldo negativo das contas juntarmos o saldo também negativo da nossa prestação desportiva, o mínimo que podemos dizer é que se exigia maior contenção no primeiro caso e mais rigor e ambição no segundo.
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