Nestas últimas semanas e, sobretudo, desde que começou a campanha eleitoral fala-se muito de uma eventual reestruturação da nossa dívida. Reestruturação essa que é defendida por alguns dos partidos que concorrem às eleições do próximo domingo e que poderia passar pelo alargamento de prazos, pela diminuição das taxas ou mesmo pelo não pagamento de uma parte do que se deve. E a reestruturação, de tanto se ouvir, transformou-se numa palavra maldita.
Até que alguém, a propósito da dívida grega (que já todos perceberam que os gregos não vão poder pagar) se lembrou de chamar à reestruturação o re-profiling. E o que é isso? Ao certo, ao certo, ninguém sabe o que é mas todos perceberam já significa exactamente isso - reestruturação. Nem mais.
Foi assim que optaram por “dourar a pílula”, que é como quem diz, a situação é muito má mas adoçando a forma como nos referimos a ela, até nem parece tão preocupante. É exactamente o mesmo que esconder o pó por debaixo da carpete. Ele não se vê mas, de facto, está lá todo.
Re-profiling é a palavra do momento. A que fez esquecer a sua irmã “reestruturação” e a sua parente próxima, a “bancarrota”. Mas, atenção, não nos deixemos impressionar com as palavras. O problema subsiste e é grave. É tudo uma questão de eufemismo.
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