terça-feira, junho 14, 2011

Voltemos à terra

Já passaram alguns dias e continuo a ter presente as palavras do Presidente da República em Castelo Branco nas comemorações do 10 de Junho. Não, desta vez, não lhe chamou o “Dia da Raça”, como o fez em 2008, mas aproveitou para exortar os portugueses a voltarem à terra, à agricultura. E com razão, digo eu, tal é o envelhecimento do sector e o facto de sermos muito deficitários em matéria alimentar.


Porém, o que achei curioso é que essas palavras que verdadeiramente traduzem uma das nossas maiores necessidades do ponto de vista económico, fossem proferidas pela boca de Cavaco Silva que era o primeiro-ministro de Portugal logo após a nossa adesão à então CEE, em 1986. O mesmo Cavaco que ajudou a destruir a nossa agricultura em troca de fundos comunitários para a construção de auto-estradas. Um discurso que, segundo alguns, soou um tanto ou quanto a remorso.


A memória é curta, bem sei, e muitos já se terão esquecido disso mas a verdade é que no início da década de 90, não só não se modernizou a agricultura aproveitando os generosos subsídios que recebíamos da Europa como, pelo contrário, se distribuíram tentadores incentivos à sua destruição.


Dizer agora que o sector agrícola é fundamental e é nele que se deve investir para a futura sustentabilidade do país parece-me óbvio. Pena foi que quem nos governava então se tivesse curvado perante outros interesses e não tivesse tido a necessária visão estratégica de futuro. Hoje a coisa seria completamente diferente.

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