terça-feira, janeiro 08, 2013

"Quase"

Já estamos em 2013 e, embora tenhamos sobrevivido ao anunciado fim do mundo, tenho sérias dúvidas sobre como iremos aguentar o que se adivinha (!!!) neste novo ano. Mas como não quero parecer demasiado pessimista (ainda que o esteja), prefiro lembrar a poesia "Quase" de Mário de Sá-Carneiro. Recordam-se de como começa?

"Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém... "

Pois este "Quase" do poeta, bem poderia aplicar-se ao Ministro das Finanças de Portugal. É que Vítor Gaspar afirmou recentemente que "quase" acertou nas suas previsões para 2012, embora eu ache que Gaspar e o Governo que comanda falharam em todas. Nas receitas fiscais, no desemprego, no défice e nas demais. E perante este falhanço colossal (uma palavra tão cara a Gaspar) a "receita salvadora" que se espera para este ano é a ... mesma. Mais e mais austeridade, quando já se viu que a austeridade que nos esmagou em 2012 não foi solução para nada e só tem agravado os problemas, com resultados sempre piores do que os anteriores.

Perante a demonstração dos números, Vítor Gaspar disse "Nunca fui candidato ao lugar de produtor infalível de previsões". Mas isso não nos descansa. Gostaríamos de sentir que tanto esforço dos portugueses iria, de facto, traduzir-se numa mudança de ciclo. Mas nem essa esperança temos já. O "quase" acertar do Ministro é nada. Prefiro o "Quase" de Mário de Sá-Carneiro.

 

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