Se eu, cidadão comum, em amena cavaqueira com os amigos, comentar o que quer que seja, certamente que não virá grande mal ao mundo. Outra coisa, e bem diferente, se passa quando um político que ainda não chegou ao poder, começa a dar palpites "abalizados e categóricos" sobre matérias que, um dia, quando for Governo, vai, seguramente contrariar. Daí que seja raro o cumprimento de promessas eleitorais, independentemente dos candidatos ou da cor política que tiverem.
Lembram-se quando José Sócrates andou numa roda viva por países com quem habitualmente não tínhamos grandes negócios? Recordam-se como se dizia mal do homem porque estava a negociar com ditadores da pior espécie, do Kadafi ao Chávez? Claro que havia quem percebesse que ele estava a tentar novos mercados, países para onde pouco exportávamos mas que queriam comprar os nossos produtos e nós bem precisávamos do dinheiro deles. Sócrates foi "apedrejado" em praça pública quando exportou para a Venezuela o "nosso" Magalhães ou quando tentou equilibrar a nossa balança comercial com a Líbia, de onde importávamos cerca de 1500 milhões de euros, maioritariamente petróleo, e apenas exportávamos produtos no valor de dez milhões de euros. isso foi considerado na altura um crime de lesa-pátria. Malandro do tipo.
Mudaram-se os tempos, mudaram-se os protagonistas mas mantiveram-se as vontades. Então não é que o tal regime ditatorial venezuelano, agora já sem Chávez mas com o seu delfim e sucessor Nicolás Maduro, continua a ser um parceiro estratégico para Portugal? O Presidente Maduro esteve há pouco tempo no nosso país e foi recebido, com pompa e circunstância, por Passos Coelho (é difícil de acreditar, não é?) com quem celebrou acordos comerciais no valor de 6 mil milhões de euros.
Dá vontade de perguntar: então, em que é que ficamos? Aquelas pessoas pouco recomendáveis de quem Passos dizia horrores e com quem Sócrates tinha a lata de negociar, tornaram-se agora confiáveis?
1 comentário:
Só para pôr mais achas na fogueira ... "Portas em negócios no México vende 25 mil 'Magalhães".
Curioso, não é?
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