Sou um dos que defende há muito que os principais partidos políticos se deveriam entender em matérias consideradas fundamentais para o país. Chamem-lhe consenso, como diz Cavaco Silva, chamem-lhe pacto de regime ou chamem-lhe simplesmente bom-senso, que é mais fácil. Esqueçam os resultados eleitorais, esqueçam o poder e os tachos e escolham meia dúzia de matérias estruturantes em que, independentemente de quem estiver no poder, as políticas a seguir sejam as que foram previamente acordadas. Já cansa a repetitiva lamúria do bota-a baixo em que os partidos que governam desdizem e maldizem tudo o que foi feito pelo Governo anterior.
Vejam o caso do "carro eléctrico" que o então Primeiro-Ministro José Sócrates apadrinhou e adquiriu 17 unidades para as deslocações citadinas dos seus Ministros e que, com a chegada do actual Governo ficaram parados nas garagens. Três anos depois, o actual Ministro do Ambiente e Energia, Jorge Moreira da Silva, reviu as prioridades, retomou o projecto da mobilidade eléctrica e garante que ele veio para ficar. Mais, Moreira da Silva quer mesmo que, para além dos governantes, a generalidade da Administração Pública passe a circular em veículos não poluentes.
Este é um episódio que retrata bem as fragilidades das políticas públicas nacionais. Não me interessa quem é que "descobriu" a ideia nem quem a pôs de lado, nem tão-pouco, saber por que motivos. O que acho é que foram três anos perdidos. E tudo porque não há uma ideia para o país, não há uma estratégia, um rumo que seja seguido independentemente de quem nos governe. E é assim nos transportes/mobilidade, na educação e por aí fora, e por aí fora ...
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