Mostrar demasiado entusiasmo perante vitórias previamente anunciadas (no desporto como na política) pode ser muito perigoso. "Cantar de galo" antecipadamente não costuma dar muito bons resultados.
Vejam a recente euforia patenteada pelo Governo quando há poucas semanas erguia cartazes a dizer que "há sinais de recuperação que não podem ser ignorados e que nos indicam que estamos a ir pelo caminho certo. Até porque os mercados voltaram a confiar em nós. Os portugueses estão quase a senti-lo no seu próprio bolso".
Aconselharia o mais elementar bom-senso que os resultados obtidos com a subida das exportações, a redução das importações, as taxas de juro a cair e a descida do desemprego - embora todos esses indicadores sejam encorajadores - fossem geridos de forma cautelosa porque tamanha "festança" corre o risco de acabar de repente e deitar abaixo as expectativas entretanto geradas. Até por que os dados positivos anunciados, não se fazem sentir na vida concreta das pessoas. O empolamento da tal euforia pode, portanto, tornar-se perigoso.
E já esta semana se soube que houve um abrandamento do crescimento das exportações e uma aceleração das importações (portanto, um recuo na balança comercial que se quer equilibrar) e o desemprego que parece ter estabilizado, poderá crescer, segundo a previsão do FMI. Mas, mais importante que os resultados da recuperação (que sobem e descem), o que me parece fundamental é perceber-se que eles são fruto de circunstâncias (a que nós quase sempre somos alheios) e não de uma alteração estrutural, de uma modernização da nossa capacidade produtiva, a qual, efectivamente, não se verificou. Daí a continuação do nosso empobrecimento.
É o que dá atirar os foguetes antes da festa!
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