Para mim, como para muita gente, a "figura" do arrumador é quase sempre incómoda. Mesmo quando ele está realmente a ajudar. Na maior parte das vezes, porém, irrita-me o facto de ele aparecer a correr, vindo do nada, depois de já termos arrumado o carro num espaço em que caberia pelo menos um autocarro dos grandes. E o que dizer - já numa súplica de pedinchice da moedinha - do "Está bom chefe ..."?
Mas o arrumador, até pela forma como quase sempre se apresenta, leva-me a imaginar que possa ser um provável malandro que não só não me vai guardar o carro (na verdade ele é um facilitador de estacionamento e não um guarda de um parque) como me deixa a incómoda dúvida de ver o carro riscado como represália de uma gratificação considerada insuficiente. Ou o receio que o carro tenha sido levado pela polícia quando, ficando estacionado de modo irregular, o arrumador tenha jurado a pés juntos que ali não iria haver qualquer problema. Só que, às vezes, o carro é mesmo rebocado ou, na melhor das hipóteses, está lá uma multa de todo o tamanho.
Se calhar estou a ser injusto para com a "classe" dos arrumadores. É sempre ingrato generalizar e a verdade é que conheço alguns que fogem ao estereotipo traçado. Tenho encontrado arrumadores simpáticos, discretos, que não usam o tradicional rolo (de jornal ou de outro qualquer papel) na mão e que ajudam efectivamente os condutores a arrumar os seus veículos. A maioria, contudo, obedece ao tal padrão que incomoda. Estarei a ser preconceituoso? Talvez, ou talvez gostasse dar de caras com um arrumador vestido de Armani, bem cheiroso e com o "Financial Times" na mão ...
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