quarta-feira, fevereiro 06, 2008

A cavalo dado ...


Há quem pense que não devemos ser demasiado exigentes quando alguma coisa nos é oferecida. Por outras palavras, só porque se trata de uma oferta, a boa educação obriga a que não façamos má cara, mesmo que essa oferenda não nos agrade lá muito. Para além de ser de borla sempre nos ensinaram que “A cavalo dado não se olha o dente”.

Talvez em certas situações isso possa ser assim mas, quanto a mim, a aplicação do adágio não se pode generalizar.

Estou a pensar, por exemplo, nos diversos jornais gratuitos que se têm multiplicado nos últimos tempos. Claro que há uns que são nitidamente melhores que outros, mas relativamente a todos eles, o facto de nos serem oferecidos não deve condicionar o nosso espírito crítico e o nível da nossa exigência.

Ainda há dias num que me foi atirado pela janela entreaberta do carro, reparei, numa leitura muito transversal, em dois erros imperdoáveis.

O primeiro tratava-se de um erro de ortografia e titulava uma pequena notícia desta forma: “Médicos ameação demitir-se com fecho de Oncologia”. Ameação? Ou será que eles queriam escrever ameaçam?

O segundo diz respeito à falta de rigor informativo e escrevia também em título “Três homens perdidos no Gerês”, pormenorizando depois que os tais homens eram funcionários de uma empresa que andariam no local a fazer um levantamento. Na verdade tratava-se de simples caminheiros que foram surpreendidos pelo mau tempo e, pior ainda, eram dois homens e uma mulher e não três homens.

Como podemos, então, acreditar nas notícias que são veiculadas diariamente por esses jornais se detectamos facilmente as asneiras mais grosseiras?

Embora a maioria dos provérbios continue a reflectir a sabedoria popular, apesar de serem muito antigos, neste caso acho que deveríamos enunciar o ditado de uma outra forma “A jornal dado também se exige rigor”.



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