sexta-feira, julho 03, 2009

Não nos podemos levar pelos impulsos



Já tenho dito que os maus exemplos dados por figuras públicas são extremamente perigosos de poderem contaminar os mais incautos.


Ainda ontem dava-se aqui conta do episódio em que Cristiano Ronaldo pontapeava o vidro de um automóvel de uma admiradora que o pretendia filmar.


Pois provavelmente por contágio daquela situação, aconteceu que durante o último debate da nação desta legislatura, uma provocação, um aparte maldoso (e injusto, por certo) do deputado comunista Bernardino Soares fez “levantar a tampa” ao stressado Ministro da Economia que balbuciou qualquer coisa que não entendemos, ao mesmo tempo que dirigia um gesto em que pretendia mostrar um simulacro de chifres.


Se bem que eu não conheça o contexto em que foi produzido, acho que Manuel Pinho não ficou nada bem na fotografia e que o tal gesto, não digo que fosse insultuoso mas foi, seguramente deselegante, inoportuno e desnecessário.


Um político tem que saber reagir às adversidades e aos combates e infâmias que lhes são dirigidos. Tem que ter o traquejo suficiente para aguentar as investidas por mais duras, ofensivas e injustificáveis que elas sejam. Não pode, portanto, ceder a qualquer tipo de provocações que o façam exceder-se da forma que Pinho o fez.


Bom, condenada que foi a atitude por todos os partidos da oposição, pelo governo, pela bancada parlamentar que o apoia e pelo presidente da Assembleia da República, pedidas as desculpas do Primeiro-Ministro (e de Pinho, através do PM) a coisa parecia estar resolvida. Mas não está.


A três meses das legislativas a oposição vai tentar capitalizar o deslize do Ministro da Economia e, por arrasto todo o Governo, a quem acusa de completo desnorte e de já não dizer coisa com coisa.


Mas, meus amigos, essa de misturar um deslize de um Ministro com o comportamento de todo o Governo faz-me lembrar a fábula do lobo e do cordeiro em que o lobo afirmava “bem, se não foste tu, foi o teu pai”. Não me venham agora dizer que o Sócrates é que também teve a culpa deste episódio.


A atitude foi injustificável e condenável, já o disse. Mas julgar todo o trabalho de quatro anos do Ministro (que algumas coisas deve ter feito bem) por ter cometido uma tolice gestual de momento, parece-me, de facto, excessivo.


No futuro o que há a fazer é bem simples. Impedir que os jornalistas estejam equipados com câmaras de televisão e máquinas fotográficas. Ou seja, interdição absoluta de aparelhos de imagem. Ou julgam que se os “chifres” não tivessem sido apanhados alguém se teria preocupado com o assunto?

5 comentários:

provocador disse...

Sócrates até pode não ter tido culpa deste episódio mas que é o único culpado da má época do meu Benfica, lá isso ninguém me tira da cabeça.

demascarenhas disse...

A hora era tardia, o sono já começava a atacar e a “perturbação” provocada pela cena dos “corninhos” podem, em conjunto, ter sido a causa do título incompleto desta crónica.

Onde se lê

Não nos podemos levar pelos impulsos

Talvez tivesse ficado melhor

Não nos podemos deixar levar pelos impulsos

Forcado disse...

EEHH MINISTRO LIIIIINDO! HEH!

Porcos no Espaço disse...

Pronto, deixa lá, o homem teve um dia mau e passou-se dos cornos. - pa-ta-pa-pssss! (som de bateria)

Acontece.

olavretni disse...

Bem, ele passou-se mas as oportunidades não deixam de passar por ele. Há pessoas assim, a quem as portas estão sempre escancaradas.

Joe Berardo disse esta sexta-feira em entrevista à SIC Notícias que convidou Manuel Pinho para o cargo de administrador da sua fundação. "É um homem que ainda tem muito para oferecer a Portugal", justificou.