José Luís Saldanha Sanches, Doutor em Direito pela Faculdade de Direito de Lisboa, professor universitário e jurisconsulto, notável fiscalista, autor de livros e artigos e comentador da actualidade política e económica morreu há dias aos 66 anos.
Não estranhem por isso que a primeira crónica desta semana seja dedicada à figura e à memória de Saldanha Sanches. E faço-o, sobretudo, pelo grande respeito que a sua grandeza moral, a frontalidade e a coerência que sempre norteou a sua vida me merecem. É que partilhássemos, ou não, da sua ideologia, nunca conseguíamos ficar indiferentes à coragem e à irreverência como defendia as suas ideias. Por certo, ninguém irá esquecer os seus comentários directos e dirigidos a políticos quando estava em causa a corrupção e a defesa do interesse público.
Fernando Rosas recordou-o como “um homem de uma geração de luta e de combate”.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, relembrou Saldanha Sanches como "uma das vozes mais livres e exigentes que sempre se bateu com coragem pela liberdade antes e depois do 25 de Abril. Aliás, Saldanha Sanches esteve preso antes do 25 de Abril e já depois de restaurada a democracia e, de ambas as vezes, por defender as suas convicções.
A esposa, a Procuradora-Geral Adjunta Maria José Morgado, disse sobre o marido “ser intolerável com a corrupção, os cobardes e os oportunistas, além de que morreu como sempre viveu – um homem livre”.
Ao lembrar o homem que agora desaparece, não posso deixar de sublinhar – em jeito de homenagem - a sua última crónica (excelente como sempre), a que chamou “Os Papa-Reformas” já ditada do leito do hospital, em que criticava a acumulação de reformas e complementos em algumas empresas públicas, muitas vezes com promoções sem trabalho. Dizia também que o aumento do IVA e a tributação das mais-valias de nada servem se o Estado continuar a esbanjar dinheiro como o tem feito até aqui. Atacou as obras públicas e disse que por estas razões o Estado vive agrilhoado a compromissos políticos, arranjinhos, promessas e vassalagens, sendo uma verdadeira esquizofrenia que nada se faça contra esta situação num momento economicamente difícil para o país.
Mesmo nos derradeiros momentos, José Luís Saldanha Sanches fez jus ao respeito que lhe tínhamos há muito: por ser um homem livre, honesto, coerente e desassombrado.
1 comentário:
Paz à sua alma;
Que vivam as Ideias, os Princípios e os Valores dos Homens Livres!
Nós cá ficamos, para continuar o combate!
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