Quando nos últimos dias a comunicação social trouxe a público - de resto com enorme sensacionalismo - que o Estado iria cortar os apoios para almoços aos ATL’s, toda a gente se agitou de indignação. Então, aqueles malandros da Segurança Social vão tirar o pão às pobres crianças, que é como quem diz vão tirar-lhes justamente aquilo que, para muitas delas, é a única refeição quente do dia?
Agastamento sobejamente justificado pelo facto de sabermos bem de mais que os diversos serviços do Estado nem sempre fazem as coisas da melhor forma. Umas vezes por pura incompetência, outras porque sim.
No entanto, desta vez, o que aconteceu não se deve, como se julgava, a qualquer (má) decisão do Governo, justificada por medidas de contenção orçamental da Segurança Social.
O que parece ter acontecido – e eu digo parece porque nestas coisas nunca se sabe - é que os serviços constataram que muitas dessas crianças que andam na escola e vão depois para os ATL’s “almoçavam duas vezes”. Melhor dizendo, era-lhes atribuído dois subsídios para almoço, um pago às escolas e outro pago aos ATL’s das Instituições Particulares de Solidariedade Social. Ou seja, por cada criança havia dois subsídios.
Verificada a duplicação, o Estado cortou – e, desta vez, bem – o apoio que estava a ser concedido indevidamente a uma das entidades.
Só que a precipitação de alguns quase gerou um levantamento popular. Por boas razões, é certo, já que estavam em causa benefícios a cerca de 90 mil crianças que se encontram em situação de carência alimentar.
Mas, precipitações e exageros à parte, a verdade é que houve um erro grave. Pergunta-se pois, há quanto tempo se verifica esse erro e quanto é que isso nos custou? E pergunta-se, também, se não haverá um órgão que controle se as verbas entregues às instituições são mesmo para custear almoços efectivamente servidos? É que o mau uso dos dinheiros públicos é crime.
1 comentário:
Provavelmente ninguém sabe quem são os responsáveis pelo desperdício dos nossos dinheirinhos. Ou será que sabem?
Quanto aos miúdos “comerem” os dois almoços, já a minha avó algarvia dizia “barriga de moço não tem osso”
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