terça-feira, novembro 16, 2010

Como acreditar?



Há anos que os Governos não se cansam de pedir sacrifícios aos portugueses. Em nome das crises, dos deficits, dos endividamentos externos, da continuação do estado social, das ou dos quaisquer pretextos, a palavra de ordem para o Zé-povinho é “vamos ter que apertar o cinto”. E a receita é sempre a mesma, o aumento da carga fiscal que, invariavelmente, penaliza sobretudo aqueles que menos têm.

Perante aquilo que parece ser uma inevitabilidade, o que se podia esperar em troca era que os sacrifícios também fossem assumidos pelo Estado. Dir-me-ão que falar no Estado assim desta maneira é um bocado vago e que os seus funcionários já vão ter cortes nos salários e aumentos no IRS (para além do IVA que, esse, é para todos). Certo, mas não era aos funcionários que eu me referia. O que estava a pensar era nas contratações que estão agora a ser feitas, de 45 novos funcionários por semana para cargos no Governo e na administração directa e indirecta do Estado, já depois de terem sido anunciadas as medidas de austeridade.
Apesar do último PEC apontar para a contenção da despesa pública, assistimos não ao emagrecimento do Estado mas à sua engorda com o inerente aumento de encargos com o pessoal. Eu sei que o Governo já veio justificar que os que estão a entrar vão substituir os que saem e, muitos deles, já transitam de outros lugares do Estado. Será? Temos bons motivos para desconfiar.

E o que pensar sobre o que veio noticiado na imprensa de ontem sobre as mudanças na tributação, propostas no Orçamento para 2011, que deixam de fora os principais milionários da Bolsa portuguesa? A ser verdade, que explicação haverá?

Mas poderia dar muito mais exemplos. Ainda há dias vi passar um administrador (que eu conheço) de uma empresa pública (que todos conhecemos) num carro topo de gama de uma marca conhecida (e muito cara), acabadinho de sair do stand. Não me contaram, eu vi!

Assim sendo, como aceitar os sucessivos apelos de quem nos governa? E como corresponder a eles, perante o que vamos assistindo? Já quase não conseguimos apertar o cinto … por falta de furos.

Como dizia o outro, “Já basta de realidades queremos promessas”.

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