A crónica de Fernando Madrinha no Expresso do último sábado começava assim:
“Um país que deve muito mais do que produz num ano inteiro e que precisa de pedir mil milhões todas as semanas para se sustentar não tem que se queixar dos credores; deve dar graças por haver ainda quem lhe compre dívida, se bem que a juros incomportáveis”…
A generalidade dos portugueses sabe que nas economias domésticas há sempre um limite para os gastos. Por exemplo, quem ganhar cem não pode gastar cento e dez. Pelo menos de forma sistemática. Mais, se ganhar cem pode gastar apenas oitenta ou noventa e com o restante deve constituir uma poupança que poderá ser útil em qualquer situação de emergência. Esta deve ser uma preocupação clara, pelo menos em relação aos chamados gastos correntes.
Ninguém (???) em seu juízo vai ao Banco pedir dinheiro para pagar a electricidade, o supermercado ou o passe dos transportes. Normalmente reservamos os empréstimos bancários para outro tipo de bens de média/longa duração e normalmente mais dispendiosos. Como acontece quando compramos casa ou carro. Isso é investimento.
E será que com o país não deveria acontecer o mesmo? Que peçam aos mercados (mau, lá estamos nós a evocar de novo os mercados) crédito para a construção de pontes ou de infra-estruturas, para apoios à criação de frotas pesqueiras ou para actividades produtivas, tudo bem, isso é investimento. Agora, estar a pedir dinheiro (colocar dívida pública, em termos técnicos) todas as semanas para pagar um imenso rol de despesas correntes como, por exemplo, ordenados e juros dos empréstimos que se vão vencendo, isso é de loucos. É uma espiral que bem sabemos onde vai dar. Quero dizer, pelo menos muitos de nós temos uma ideia.
Sem comentários:
Enviar um comentário