segunda-feira, dezembro 20, 2010

Do que eu falaria hoje se não estivéssemos no Natal


Estou já tão imbuído do espírito natalício que não me sentiria bem se hoje me pusesse a comentar “certas coisas” que andam por aí. Estamos na época em que os corações estão mais sensíveis e são palavras como saúde, paz, amor, compreensão e fraternidade que mais gostamos de dizer e de ouvir.

Não fosse assim e certamente especularia sobre a forma peculiar como Cavaco Silva tem promulgado uma série de leis. Isto é, não gosta delas, nunca as faria, acha que os seus efeitos irão ser nefastos mas, ainda assim, assina-as. Dá-lhes, portanto, o seu aval muito embora faça questão de justificar que não está de acordo com elas. Insólito, no mínimo. O normal seria estar de acordo e vamos a isso ou não gosto e devolvo.

Não fosse o Natal e provavelmente estaria aqui a meditar sobre o ano que se aproxima e sobre as dificuldades que vamos sentir. 2011 para além das penalizações salariais das famílias trar-nos-á o aumento significativo dos bens essenciais como o pão (12%), os transportes (3,5 a 4,5%) e a electricidade (3,8%) para além do IVA, claro. Mas a época desaconselha-me a tal.

Não fosse a enorme dose de generosidade própria da época e dissertaria sobre os países onde o nosso Governo anda à procura de financiamentos mais em conta do que aqueles que conseguimos nos chamados “mercados”. Na China, na Líbia, no Brasil ou nos Emiratos onde, certamente, vamos obter os empréstimos que necessitamos com taxas mais baixas mas com contrapartidas ainda desconhecidas. Sim, por que alguns desses “países amigos” não são propriamente democracias e vão querer que estejamos do seu lado em certas votações. Mas, como se costuma dizer, “em tempo de guerra não se limpam armas”.

Não fosse esta quadra, comentaria certamente os 500 milhões de euros (mais 500 milhões) que o Estado vai injectar no BPN.

Mas é Natal e o melhor será falar-vos em esperança. É uma coisa que, por enquanto, não paga imposto e, de certa forma, aconchega-nos a alma. É bom termos esperança e é muito bom acreditar no futuro. Como o nosso Manuel de Oliveira que aos 102 anos continua a realizar filmes e a receber prémios e o de uma senhora inglesa com 103 anos que é a mais velha utilizadora do Facebook. Exemplos que, sem dúvida, nos devem inspirar. Bom Natal!

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