terça-feira, maio 03, 2011

Miséria, disse ele …

Diogo Leite de Campos, dirigente do PSD, é um ilustre licenciado e doutorado em Direito e em Economia. É também Professor Catedrático e sócio de uma conhecida sociedade de advogados. É, pois, um homem inteligente e bem sucedido.


Há uns tempos vi um vídeo em que ele explicava um conceito interessante sobre o que não é um rico e o que é a miséria em Portugal. Desta forma:


“O ministro das finanças, salvo erro, disse que ricos são aqueles que têm mais de 10 000 euros por mês. Mas se nós levarmos em conta que sobre estes dez mil euros incidem cerca de 42%, isto significa que estas pessoas ficam reduzidas a 5 800 euros. Será que se pode dizer que 5 800 euros por mês, para casa, roupa lavada, comida, instrução dos filhos, doença e tudo é muito? Cinco mil e oitocentos euros por mês, em qualquer país europeu é classe média baixa. Será que são estes os ricos portugueses. 5 800 euros não chega sequer para o consumo. É evidente que as pessoas que ganham 1 000 euros por mês acham isto enorme mas mil euros por mês não é classe média, é miséria”.

Embora o senhor possa estar coberto de razão, penso que é chocante para a maioria dos portugueses ouvirem dizer que os 5 800 euros líquidos não chegam sequer para o consumo, quando se sabe que o salário médio em Portugal não chega aos 800 euros, o salário mínimo não atinge os 500 e ainda há muitas reformas abaixo dos 300 euros.

Portanto, e para resumir, quem ganha 10 000 não é considerado rico. E os milhares de trabalhadores que auferem menos de 1 000 euros por mês e, com essa miséria de vencimento, têm que pagar casa, transportes, alimentação, vestuário, custos vários e, ainda, na maior parte dos casos, têm que providenciar a educação dos filhos ou a segurança dos pais, são o quê?

Como referi, o Dr. Diogo Leite de Campos até pode ter razão naquilo que diz mas esquece uma coisa fundamental. É que Portugal é dos países que pior paga a quem trabalha e onde existe uma enorme diferença salarial entre os que mais ganham e os que menos recebem. Esquecimento, afinal, que até pode ser desculpável se atendermos a que ele acumula uma reforma de 3 240,93 € com outra do Banco de Portugal de 5 000 € e os lucros de uma sociedade de advogados.


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