Há uns anos dizia-se por graça que os Estados Unidos, por ser um país enorme, tinha não uma mas três capitais: Washington (a capital propriamente dita), Nova York (a capital do mundo, a cidade que nunca dorme) e … Hollywood (a capital do cinema).
Com o passar dos anos os portugueses acharam que não deviam ficar atrás dos norte-americanos. E, mesmo atendendo a que somos um país pequeno e periférico, enchemo-nos de brios e vá de arranjar capitais do que quer que fosse. Não as contámos (para não corrermos o risco de nos enganarmos) mas vejam, por vós próprios, a miríade de capitais que encontrámos num território com pouco mais de 92 mil quilómetros quadrados e cerca de dez milhões de habitantes. Os americanos que se cuidem.
Então vejamos. Só de comidas, bebidas e afins temos capitais:
do moscatel (Favaios), do fumeiro (Vinhais), do folar (Valpaços), da alheira (Mirandela), da cereja (Resende), da maçã de montanha (Armamar), do queijo da serra (Celorico da Beira), do leitão (Mealhada), do caracol (Póvoa da Lomba), do espumante (Anadia), da lampreia (Penacova), do arroz (Montemor-o-Velho), da cereja (Fundão), do chícharo (Alvaiázere), do ovo (Ferreira do Zêzere), do chocolate (Óbidos), da pêra rocha (Bombarral), do vinho (Cartaxo), da sopa da pedra (Almeirim), da castanha (Marvão), do azeite alentejano (Moura), do presunto (Barrancos), da batata doce (Rogil), da sardinha (Portimão), do polvo (Santa Luzia), do marisco (Olhão), do cozido à portuguesa (Canal Caveira), do porco (Montijo), do porco alentejano (Ourique), do vinho verde (Ponte de Lima), do calçado e do vinho verde (Felgueiras) , do vinho verde (Penafiel) - reparem como, ricos que somos, já temos três capitais do vinho verde - a capital universal da chanfana e capital nacional do artesanato e da gastronomia (Vila Nova de Poiares) (três em um), da chanfana (Miranda do Corvo) (outra da chanfana), do arinto (Bucelas) e de outras especialidades que haverá por aí.
Mas temos mais capitais:
do automóvel antigo (Vila Nova de Famalicão), do móvel (Paços de Ferreira), do design (Paredes), da cutelaria (Caldas das Taipas), do granito (Vila Pouca de Aguiar), do barroco (Braga), das águas bravas (Castelo de Paiva), a capital ibérica do rafting (Melgaço), do calçado (São João da Madeira e Ponte de Lima, duas, sendo que esta última também é do vinho verde), do parapente (Linhares da Beira), do saber português (Coimbra), do papel e do livro (Lousã), do vidro (Marinha Grande), da onda (Peniche), da cerâmica e do comércio tradicional (Caldas da Rainha), do comboio (Entroncamento), do cavalo (Golegã), do Gótico (Santarém), do mármore (Estremoz), da cortiça (São Brás de Alportel), do circo (Vila do Conde) e outras que não me vieram à memória.
Curioso o facto de possuirmos tantas capitais (algumas ibéricas e universais) enquanto que Lisboa, a capital política e administrativa do país ainda não mereceu ser reconhecida como a capital de qualquer coisa. Apelo, por isso, para que sejam generosos e façam o favor de reconhecer que pelo menos, pelo menos, poderia ser-lhe concedido o título da capital dos Pastéis de Belém, dos pipis, do fado, dos pastéis de bacalhau ou do … Glorioso.
1 comentário:
Sem dúvida, Lisboa é uma cidade bonita e cheia de muita Luz, por isso eu proponha que Lisboa também passasse a ser conhecida como “A cidade da Luz”, na qual o nosso Glorioso estaria incluído, pois à palavra Luz todos associam o nosso Benfica, e assim quase todos ficaríamos satisfeitos…
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