Acabo a semana com um toque de saudosismo. Recordo tempos em que miúdos e graúdos gostavam de se entreter na praia com uma coisa a que chamavam o “jogo do prego”. É verdade, outras épocas em que pais, filhos e amigos, para além da bola, gostavam, também, de jogar ao prego. Muitos de vós, possivelmente, nunca terão ouvido falar em tal. “Pregos”, quando muito, serão para comer ou para “pregar” na madeira.
Pois é, os criativos de então pensaram que com um simples prego grande de cerca de 15 a 20 centímetros (conhecido tecnicamente por cavilha) a família poderia divertir-se em conjunto com um jogo que era barato e democrático e que tinha regras muito simples, apenas exigindo alguma habilidade.
E em que é consistia tão rudimentar e primitivo divertimento? Basicamente, cada jogador (aqui havia várias versões, os mais abastados tinham um prego para cada jogador enquanto que os pobrezinhos utilizavam todos o mesmo prego), tentava, à vez e com movimentos pré-estabelecidos, espetar o prego na areia seca ou molhada. Pelo que era necessário ter técnica, imaginação e treino para que cada um somasse mais pontos do que os adversários. Até à vitória final.
Era assim que, durante horas, familiares e amigos se entretinham pacatamente e – isto é muito importante – sem incomodar quem estivesse nas redondezas. Não havia o perigo, como agora acontece, de sermos atropelados por talentosos e irresponsáveis futebolistas de praia nem se ouvia aquele irritante barulho das raquetas a jogar bolas, antes que elas – fatalmente – nos venham atingir.
Enfim, eram outros tempos.
1 comentário:
Olá meu bom Amigo,
Recordo-me muito bem desse jogo, pois na minha infância joguei-o várias vezes com os amigos. De facto, as regras eram muito simples, e todos independentemente da idade podiam jogar. É bom recordar tempos em que todos se divertiam em conjunto, convivendo e aprendendo uns com ou outros. Com o desenvolvimento das novas tecnologias, assistiu-se ao isolamento por parte dos jovens, pois agora passam mais tempo em casa a jogar sozinhos, em detrimento do convívio outrora realizado com os amigos na rua, nas escadas do prédio ou mesmo na praceta. Confesso que recentemente ensinei um jovem a jogar esse jogo, mas foi sol de pouca dura, pois além de serem hiperactivos, rapidamente perdem o interesse e resolvem ir chatear os Pais. No entanto, viajei no tempo e mesmo sozinho, revivi outros tempos, onde apesar de não existir tantos entretimentos como agora, era mais feliz. Sensação estranha esta da “Saudade”, pois parece que apenas fomos felizes no passado, e que a nostalgia será algo que nos perseguirá sempre. Afinal, já dizia o nosso tão conhecido Vítor Espadinha “Recordar é viver”, e não é que é mesmo? Talvez por sabermos que iremos ter saudades do momento presente, das pessoas com quem estamos no “agora” a conviver, do local, da paisagem, devêssemos mudar a nossa atitude de entrega e saborear mais o momento, pois esse, amanhã já é passado, e nós iremos sentir a tal conhecida palavra saudade.
Enviar um comentário