Fez ontem um mês que eu participei na manifestação do 15 de Setembro, em Lisboa. Éramos muitos milhares a desfilar pelas ruas, a entoar palavras de ordem e cânticos contra o Governo, contra alguns (quase todos os) Ministros, contra a troika, contra o desemprego, contra, afinal, o assalto aos nossos bolsos e à degradação das condições de vida e à falta de perspectivas.
Eram muitos os braços no ar, como muita era convicção de que "o povo unido jamais será vencido", como muitos eram os cartazes e faixas que exprimiam o sentir (desesperado) de quem se sente no limite.
E, como digo, cartazes eram muitos. A troika, evidentemente, era um dos temas mais em destaque. Porém, não vi um só cartaz contra os carteiristas que assaltaram um dos elementos da troika a residir em Lisboa desde Outubro do ano passado.
E não posso deixar de referir o assunto porque não me parece justo andarmos sempre a dizer que a troika anda a meter a mão nos bolsos dos portugueses (e anda) e quando o representante do FMI,
o austríaco Albert Jaeger, que andava a passear pela capital, ficou sem a carteira no eléctrico 28, vá de batermos palmas de contentes e acharmos que foi bem feito. Quase como que a dizer "até que enfim, um português foi ao bolso da troika" ou "o eléctrico da carreira 28 entrou no mundo da alta finança mundial".
É que não pode haver dois pesos e duas medidas ...
2 comentários:
Olá meu bom e velho Amigo,
O caso aqui relato é caricato e carece de uma explicação. Acredito que nada acontece por acaso, pois existe uma explicação para tudo, que por vezes não está ao alcance das nossas capacidades cognitivas. O que sucedeu ao Austríaco Albert Jaeger, representante do FMI, é exactamente aquilo que estamos a viver no nosso dia-a-dia, pois constantemente estão a ir à nossa carteira, e nem precisa ser nos transportes públicos, pois mesmo em casa, descansadamente sentado ou deitado no sofá, alguém está a meter a mão na nossa carteira. Para se tomar certas e determinadas medidas, seria proveitoso ter passado por certas e determinadas situações, pois só assim poderemos medir e avaliar o impacto das nossas decisões. Talvez agora, o Senhor Albert Jaeger saiba o que significa “ser roubado”, sinta o que é “irem à sua carteira”. Acredito no provérbio que diz “Há males que vêm por bem…LOL
Fernando
Essa de estar "descansadamente sentado ou deitado no sofá da casa", só se for o meu Amigo. Eu já nem na minha casa consigo estar descansado. Sempre que ouço as notícias a minha angústia aumenta...
Grande Abraço
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