segunda-feira, outubro 29, 2012

O Maratonista

 
Nas jornadas parlamentares conjuntas PSD/CDS-PP, realizadas nos últimos dias, Vítor Gaspar voltou a mostrar os seus dotes de "grande comunicador". Desta vez, usou uma metáfora para dizer que o processo de ajustamento por que estamos a passar é como uma corrida de maratona. O ministro de Estado e das Finanças considerou que "Portugal está a dois terços da maratona, ou seja, por volta do 27º quilómetro, aproximando-se da parte da corrida em que, para não se desistir, é preciso ter treino, é preciso ter disciplina, é preciso ter persistência, é preciso ter força de vontade, é preciso ter vontade de vencer".

Não se sabe bem se estamos, ou não, no tal quilómetro 27, mas sei que Gaspar se esqueceu de mencionar que numa maratona também é necessário ter resistência para aguentar.

 
Com o entusiasmo que se lhe conhece (e que nos entusiasma também, e de que maneira) afirmou "Como sabem, os corredores de maratona, em geral, não desistem ao 27º quilómetro, desistem entre o 30º e o 35º quilómetro. Uma maratona torna-se cada vez mais difícil e os atletas têm os seus maiores desafios na fase final da maratona. É isso exactamente que acontece com um programa de ajustamento".

Mais uma vez Vítor Gaspar se esqueceu de mencionar que nem sempre é assim. O nosso atleta Francisco Lázaro, em 1912 nos Jogos Olímpicos de Estocolmo, sucumbiu precisamente ao quilómetro 29. Não desistiu no 27º nem entre o 30º e o 35º quilómetros. Foi no 29º quilómetro: não resistiu e faleceu.


E Portugal? Irá conseguir aguentar até ao fim da maratona do ajustamento ou cederá até lá? É que exauridos como estamos, está cada vez mais difícil - ainda que com treino, disciplina, persistência, força de vontade e vontade de vencer - aguentarmos tamanho esforço.

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