No Expresso do último sábado, Nicolau Santos, na crónica que intitulou "O país onde há cada vez mais de tudo", escrevia:
"Há cada vez mais velhos abandonados nos hospitais. Há cada vez mais crianças abandonadas nos hospitais. Há cada vez mais animais abandonados. Há cada vez mais meninos que vão para a escola sem terem tomado o pequeno-almoço. Há cada vez mais pessoas a ter de entregar a casa ao banco por não conseguirem pagar a prestação. Há cada vez mais gente desempregada. Há cada vez mais gente a alimentar-se de papas. Há cada vez mais gente a levar um tupperware com comida para o emprego. Há cada vez mais restaurantes a fechar as portas. Há cada vez mais pessoas a fumar tabaco de enrolar. Há cada vez mais pessoas a pedir esmola nas ruas. Há cada vez mais pessoas a recorrer às Misericórdias e ao Banco Alimentar Contra a Fome. Há cada vez mais pessoas a não tratar dos dentes. Há cada vez mais pessoas a não ir ao médico. Há cada vez mais casos de tuberculose. Há cada vez mais casos de tosse convulsa. Há cada vez mais casos de dengue na Madeira. Há cada vez mais pessoas a deixar de comprar jornais e revistas. Há cada vez mais pessoas a andar de transportes públicos. Há cada vez mais pessoas a emigrar".
Um extenso rol ao qual bem poderíamos acrescentar outras situações. Perante isto e face a uma situação financeira muito preocupante em Portugal (a OCDE aponta para um défice de 5,2% este ano, em vez dos 5% previstos no programa de ajustamento, e 4,9% no próximo ano, contrariando os 4,5% acordados com a troika) espanta-me como a imagem internacional do nosso Ministro das Finanças tem tanta aceitação. Segundo o britânico "Financial Times" Vítor Gaspar encontra-se no 10º lugar entre os Ministros das Finanças das 19 maiores economias europeias.
Espanta-me e fico a pensar até onde ele chegaria se todas as suas previsões batessem certo (e não há uma em que acerte) e o país fosse um mar de rosas (o que, infelizmente, não acontece).
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